Missão em casal: «Se um dizia vamos, o outro dizia já lá devíamos estar» – Anabela e José Augusto

Partilha de testemunhos marcou encontro das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras em Leiria 

Foto Agência ECCLESIA / JCP

Leiria, 25 mar 2019 (Ecclesia) – A Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição (CONFHIC) promoveu um colóquio no Colégio de Maria Imaculada, em Leiria, sobre o sentido da Missão da congregação na sociedade atual.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, a diretora do Colégio da Maria Imaculada – Cruz da Areia, irmã Paula Almeida, salientou a pertinência desta iniciativa, intitulada ‘Unidos em Missão’, numa altura em que a Igreja Católica em Portugal está a viver “um ano missionário”.

Aquela responsável destacou ainda a necessidade de reavivar as linhas mestras que presidiram à fundação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras, numa época em que, devido à falta de vocações, o contributo dos leigos é cada vez mais essencial.

“Trabalhamos hoje em dia, mais do que nunca, pela redução também do número de irmãs, em colaboração estreita com muitos funcionários, professores, com pessoal não docente, com enfermeiros, com médicos, que são leigos mas partilham a missão connosco. E queremos que a partilhem segundo o projeto que está definido e que nos é próprio”, apontou a religiosa.

Fundadas em 1871, em Portugal, pelo padre Raimundo dos Anjos Beirão, e pela Madre Maria Clara do Menino Jesus, as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição têm como carisma “servir os irmãos, especialmente os mais necessitados, testemunhando a hospitalidade, na alegria e na simplicidade, em comunhão com a Igreja”.

Um projeto que se concretiza por exemplo através da educação, mas também da missão ‘ad gentes’, no exterior, em países mais desfavorecidos.

Durante o encontro no Colégio da Maria Imaculada, prestaram testemunho vários leigos que integram a missão da CONFHIC, como a professora Helena Maria de Sousa Pinto, com quase quatro décadas de entrega ao projeto da congregação, como docente.

E o casal Anabela e José Augusto, proveniente da Paróquia da Carregosa, na Diocese do Porto, que trabalham com a congregação há cerca de 12 anos, num projeto de voluntariado missionário em São Tomé e Príncipe, na cidade de Neves.

“Vamos com um grupo de voluntários de dois em dois anos para fazer todo o tipo de serviços que as irmãs precisem, desde dar formação a professores, educadores e líderes, ao trabalho no hospital. Trabalhamos também na carpintaria, na casa de costura, na sala de informática, no apoio social à comunidade local, no lar da Terceira Idade, em tudo aquilo que nós tenhamos valências e possa ser útil às irmãs”, explica José Augusto.

Para este voluntário, participar neste género de atividade em casal é uma grande riqueza.

Foto: Anabela e José António fazem missão em casal em São Tomé e Príncipe, Agência ECCLESIA

“É inevitável que isso nos ajude a ser melhores pessoas, melhor família, melhor casal e trazermos isso para a nossa vida pessoal, não só na missão”, refere José Augusto, que releva “o espírito de serviço, de gratuidade” que carateriza o carisma franciscano.

Em São Tomé, este casal tem também o desafio de reforçar o significado e o sentido do matrimónio católico, num território onde é a “poligamia” é uma prática usual e aceite pela sociedade local.

“Esse é um aspeto culturalmente aceite e nós temos esse exemplo para dar, de que forma é que podemos estar na sociedade sendo casal fiel um ao outro, sem ter vidas paralelas fora do casamento, temos também esse trabalho a fazer”, completa José Augusto.

Já Anabela Almeida, a esposa, sublinha a forma como a missão sempre foi algo que fez parte dos planos a dois.

“Conhecemo-nos na paróquia e a partir daí envolvidos nas dinâmicas todas de paróquia este projeto nasceu, agarramos nele. Se um dizia vamos, o outro dizia já lá devíamos estar, portanto isso acabou por funcionar muito bem”, considerou a voluntária.

A par da reflexão feita em Leiria, decorreu também no mesmo dia, este sábado passado, uma mesa redonda na Casa de Saúde da Boavista subordinada ao tema ‘O trabalho como lugar privilegiado de missão’.

Neste caso, foram intervenientes o médico Nuno Trigueiros, a educadora Ana Confraria, o casal Teresa Tovar e Francisco Tovar (pais de nove filhos) e a irmã Maria Emília Monteiro.

JCP

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