Migrações: D. Manuel Clemente desafia a atitudes de «relação pessoal» no acolhimento de todas as comunidades

Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa encerrou o XIV Encontro de Formação de Agentes Sociopastorais das Migrações

Aveiro, 19 jan 2013 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Manuel Clemente, afirmou hoje em Aveiro que “números” ou os “critérios quantitativos” não chegam “nem chegarão” para promover o desenvolvimento, que depende sempre do contributo de pessoas e todas são “insubstituíveis”.

“Não podemos trazer para a humanidade o que fomos conquistando no mundo da natureza, os critérios quantitativos”, afirmou o patriarca de Lisboa na conferência de encerramento do XIV Encontro de Formação de Agentes Sociopastorais das Migrações.

Para o patriarca de Lisboa, “construir um mundo melhor” implica investir na “relação entre as pessoas” e “não há crescimento que seja desenvolvimento se não houver incremento da nossa relacionalidade”.

“É fundamental pensarmos que atrás de cada número está uma pessoa. Não há duas pessoas iguais. Não é verdade que as pessoas não são insubstituíveis. Todas são insubstituíveis”, afirmou D. Manuel Clemente ao comentar a mensagem do papa Francisco para a Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado, que hoje se assinala

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa considera que é sempre necessário olhar o migrante “na sua relação”, familiar ou social, porque não é possível desligar a pessoa “da realidade que a suporta”

“A melhor e mais importante achega civilizacional do cristianismo foi esta acentuação da dimensão relacional como essência”, considerou D. Manuel Clemente.

O patriarca de Lisboa desafiou para a necessidade de passar de uma “cultura do descartável” a uma “cultura do acolhimento”, como sugere o Papa na mensagem para esta Jornada, assinalada em Portugal com o Encontro de Formação de Agentes Sociopastorais das Migrações.

“Ninguém é dispensável nem descartável”, afirmou o presidente da CEP referindo que resolver a crise europeia só em termos europeus é “descartar”, é permanecer numa atitude “egocêntrica”.

Para D. Manuel Clemente, a resolução da crise na Europa exige que se olhem as duas margens do Mediterrâneo.

“Saiamos todos de maneira global ou a prazo ninguém sai”, advertiu o patriarca de Lisboa, que alerta para o facto de que as migrações em curso no Norte de África não se irão “suster durante muito tempo”.

 “O fenómeno migratório, quer interno quer externo, torna-se quase constante para grande parte da população mundial e implica a mobilização de massas como nunca em termos quantitativos e qualitativos”, afirmou o patriarca de Lisboa.

D. Manuel Clemente considera que as migrações para a Igreja Católica não são um fenómeno “periférico mas central”.

O XIV Encontro de Formação de Agentes Sociopastorais das Migrações, que hoje terminou na diocese de Aveiro, começou esta sexta-feira e analisou o tema “Aventuras e desencantos na emigração”.

PR

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