Metanoia realizou sessão de estudo sobre «acção política»

Iniciativa debateu intervenção dos católicos na sociedade

O Metanoia, Movimento Católico de Profissionais, organizou nos dias 6 e 7 de Março a sua sessão de estudos anual, dedicada ao tema “Acção Política: Proximidade e Distância”.

O encontro, realizado em Alfragide, contou com a presença de Pedro Adão e Silva, que falou sobre políticas públicas e acerca das tendências verificadas em Portugal no que respeita à participação cívica. Os cerca de 50 inscritos escutaram igualmente o testemunho de Francisca Cordovil, Joana Rigato e Filipe Teles.

As palavras “proximidade” e “distância”, quando aplicadas à intervenção política, compreendem uma perspectiva histórica e uma dimensão funcional.

A primeira tensão entre os dois termos verifica-se nos períodos que ocorreram em torno de 25 de Abril de 1974. Antes daquela data, a Acção Católica era uma escola de compromisso ao serviço do bem público, ao passo que hoje se constata um desencanto com a política.

Esta ruptura é acentuada pela dissociação entre as instituições estatais e os meios de intervenção dos cidadãos. “As pessoas conseguem resolver problemas e estabelecer relações na proximidade; mas o facto de parecer que a coisa pública é pouco transparente e carregada de informação estabelece uma distância que nos afasta da capacidade de participação”, explicou Isabel Cordovil, que fez parte da equipa organizadora da sessão de estudos.

“Os cristãos não escapam a este sentimento de estarem longe dos centros de decisão onde são encontradas as soluções para os problemas”, declarou a responsável à Agência ECCLESIA. “Por isso há uma certa perplexidade, que resulta de não sabermos onde e como caminhar para fazer parte da resolução das dificuldades”, acrescentou.

A falta de motivação para a participação no domínio público pode também ser causada por factores psicológicos. “Um dos presentes levou-nos a reflectir sobre os medos e ansiedades pessoais que projectamos nos políticos, nomeadamente quando é nosso dever a reagir à maledicência sobre os políticos, e assumir as nossas responsabilidades”, observou Isabel Cordovil.

Na análise desta responsável, “os cristãos têm de estar presentes em todas as formas de cidadania”. O Metanoia defende que os católicos não devem constituir-se de forma sectária, devem participar cívica e políticamente nas organizações cívicas e políticas, praticar as bem aventuranças com sentido de reponsabilidade histórica. A opção do movimento recai no testemunho dos crentes nas várias esferas da sociedade, o que pressupõe que eles “se dêem generosamente”.

Os cristãos são também chamados a “aprofundar o estudo”, com vista a uma melhor compreensão da sociedade, e a “viver com um coração inteligente que actualize formas o amor ao próximo”.

A revalorização da política passará também por a praticar como uma “conversa” entre pessoas que se comprometam para o bem comum, apesar de defenderem opiniões distintas, respeitando os interlocutores.

“Nada disto se faz bem sem meditação e sem oração”, sublinhou Isabel Cordovil.

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