Mestre da Missão

Cardeal Sepe evoca dimensão missionária deste Pontificado Toda a Igreja está em luto pelo falecimento de seu Pastor, o Papa João Paulo II. A Igreja missionária, desde a Congregação para a Evangelização dos Povos, aos Bispos, aos sacerdotes, aos religiosos e às religiosas, aos leigos, aos missionários e às missionárias espalhados pelo mundo, às comunidades mais distantes geograficamente, mas que nem por isso estiveram em qualquer momento distantes da atenção e das preces para João Paulo II, choram pelo Papa que, no encalço do Apóstolo Paulo “se fez todo a todos”, consumindo-se no ardente desejo de levar até aos extremos confins da terra o anúncio Cristo, Redentor e Salvador do homem. . Em momentos cruciais da história da humanidade, como aqueles atravessados por este Pontificado, João Paulo II nunca cessou de exortar-nos a nos tornar anunciadores do evangelho, a difundir com todas as nossas forças a Palavra de Salvação, a sermos missionários não somente entre os povos onde ela ainda não é conhecida mas também nos novos areópagos do mundo moderno, vencendo a tentação do desanimo e do desempenho, conscientes de que o mundo atormentado de hoje pode encontrar conforto para a própria inquietude somente no Senhor. Seu longo e rico Magistério marcou de maneira manifesta a história das Missões, abrindo novo atalhos, indicando novas metas, novos campos a semear, sempre em total fidelidade ao perpétuo mandato de Cristo. Sua principal herança contínua sendo a Encíclica “Redemptoris Missio”, justamente definida como a magna charta da missão do terceiro milénio, mas todos os seus documentos, a partir das exortações apostólicas aos encontros com os Bispos para as ad ! limina, são entremeados da vibrante exortação a proclamar o Senhor ressurgido, a não desviar-se do anúncio, que, além de constituir um dom para os outros, também reforça a nossa fé. Mas João Paulo II não foi somente um profundo Mestre da missão. No seu contínuo ir “ad gentes” não hesitou em alcançar pessoalmente os mais longínquos postos avançados das missões, minúsculas comunidades cristãs recém nascidas ou renascidas após longos períodos de opressão, para encontrar missionários e missionárias que consumiram a vida para Cristo e para as populações para as quais foram enviados em seu nome. Mesmo os pobres, os doentes, os idosos, os prisioneiros, os deficientes e todos aqueles que geralmente são colocados as margens da sociedade, foram interlocutores privilegiados de João Paulo II, que quis abraça-los com ternura e afecto, para que sentissem a presença de Deus que é pai de cada homem. E exactamente essa imensa multidão que vive nas descargas, nas favelas nos asilos e nos lugares mais esquecidos, viveu com especial intensidade as últimas fases da doença do Santo Padre, juntando-se num forte abraço espiritual de prece e de afecto a João Paulo II. Os! pobres acompanharam dessa forma, ao encontro definitivo com o Pai, aquele Papa que tantas vezes lhes havia indicado o caminho do Reino. O Papa do grande empenho evangelizador e das viagens apostólicas no mundo inteiro havia começado seu serviço de Bispo de Roma com a exortação: “Abram, aliás escancarem as portas para Cristo!”. Falava do sagrado de São Pedro aos 22 de outubro de 1978, dia inaugural do serviço de Pastor universal após ter sido eleito no dia 16 de outubro sucessor de Paulo VI e de João Paulo I. Tinha 58 anos, vinha da Cracóvia na Polónia. Seus mais de 26 anos de pontificado, na passagem entre os séculos vigésimo e o vigésimo primeiro, deixam uma herança formidável para a Igreja e para o mundo, que dificilmente poderá ser sintetizada. Entre os eventos salientes, a celebração de dois Anos Santos, 1983 no 1950° aniversário da Redenção, e o Grande Jubileu do ano 2000; e depois o Ano do Rosário e o Ano da Eucaristia, que coincidiu com a conclusão do Pontificado; 14 cartas encíclicas, numerosas cartas, exortações apostólicas, mensagens, audiências; 104 viagens pastorais em 129 nações de cada continente, hóspede dos diversos povos da Terra. Também convocou e presidiu Assembleias especiais do Sínodo dos Bispos para analisar e estudar a situação dos diferentes continentes, e fez convir em Roma os Episcopados da África, Ásia, América, Oceânia, Europa. Um Papa empenhado para a unidade dos cristão, na ânsia para a paz e no diálogo com o mundo, mas que também foi marcado visivelmente pelo sofrimento tanto pelo atentado de 13 de maio de 1981, do qual milagrosamente salvou-se, tanto pelas fadigas da idade avançada e da doença. Porém, com a suportação sempre serena da dor, que transformou numa catequese vivente sobre o sofrimento, e com uma forte continuidade do empenho pastoral, mesmo em encontros cansativos aos limites da resistência física, ele deu persuasores exemplos de dedicação, principalmente aos jovens. Ficou histórico o encontro que teve em Roma com dois milhões de jovens, presentes em agosto de 2000 para a Jornada mundial da Juventude e o Jubileu dos Jovens. Um Papa que, convocado desde 1994, com seis anos de antecedência, o Grande Jubileu do ano 2000, o celebrou principalmente com quatro eventos: a abertura ecuménica a seis mão da Porta Santa na Basílica de São Paulo, no dia 15 de Janeiro de 2000, junto com o Arcebispo ortodoxo enviado do Patriarca de Constantinópolis e ao Primate de Canterbury da Igreja Anglicana; o dia da “purificação da memória”, aos 16 de março frente ao Crucifixo de S. Pedro, quando pediu e ofereceu perdão pelas culpas dos filhos da Igreja do milénio passado; a viagem por ele tanto desejada à Terra Santa, que teve lugar no seguinte mês de abril; e finalmente a celebração em memória dos mártires do século XX, com carácter ecuménico, no Coliseu, no dia 7 de maio de 2000. Um Papa que, “vindo de longe” após décadas de resistência corajosa ao regime ateu na Polónia, pôde viver os “extraordinários eventos” de 1989 como a queda do comunismo e dos muros na Europa e que, na hora de encerrar o Grande Jubileu de 2000 anos do nascimento de Jesus Cristo, quis renovar a todos a exortação a olhar com confiança e esperança para o futuro, à missão do terceiro milénio : “Duc in altum!”. Card. Crescenzio Sepe (Agência Fides 3/4/2005)

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