Ricardo Vara Cavaleiro recorda «um homem fascinante» que «materializava na vida o Evangelho de Jesus»
Aveiro, 01 mar 2021 (Ecclesia) – O padre João Gonçalves trabalhou mais de 40 anos no setor da Pastoral Penitenciária da Igreja Católica, onde foi coordenador nacional, e hoje foi lembrado o “carisma”, dedicação e novidade que trouxe a este setor, nas ‘Memórias que contam’.
“O padre João era antes de tudo mais um homem fascinante, com um carisma muito particular, alguém que não se quedava pela beleza homilética mas materializava na vida prática, na vida do dia-a-dia, o Evangelho de Jesus”, disse Ricardo Vara Cavaleiro, jurista da Pastoral Penitenciária da Igreja Católica em Portugal.
O padre João Gonçalves, sacerdote da Diocese de Aveiro, faleceu aos 76 anos de idade, a 8 de dezembro de 2020; entre outros serviços, era o coordenador nacional da Pastoral Penitenciária, um setor onde trabalhou durante mais de 40 anos.
À Agência ECCLESIA, Ricardo Vara Cavaleiro contextualizai que a sua ligação ao sacerdote começou nos finais de 2007, quando foi convidado para um encontro de visitadores ligados à Pastoral Penitenciária e, a partir dessa data acompanhou o padre João Gonçalves em várias visitas a estabelecimentos prisionais, em Aveiro, noutras regiões de Portugal e no estrangeiro.
Neste contexto, recorda “alguém muito bem-disposto, que tinha sempre uma piada, uma saudação com graça”, mas depois olhava para o outro “com os olhos de Jesus” e que via naquele homem e naquela mulher, que estão temporariamente em reclusão, “o próprio Cristo”.
Segundo o jurista da Pastoral Penitenciária da Igreja Católica em Portugal, o padre João Gonçalves teve o “condão” de alterar a perspetiva pastoral deste setor estruturando a atividade pastoral em três áreas de atuação – religiosa, a área social, olhando para os reclusos, as suas famílias e vítimas, e a área jurídica – associando três setores, a própria prisão, a prevenção, e “o mundo da reinserção”.
Ricardo Vara Cavaleiro adianta que esta experiência permitiu-lhe “olhar para a vida da prisão com outros olhos”, mesmo como advogado, e conseguiu perceber ao longo destes percursos que “aquele homem e mulher em termos profissionais continuam a precisar deste cuidado técnico jurídico mas também apoio social”.
O funeral do padre João Gonçalves ficou marcado pela dádiva e pela solidariedade; o entrevistado recorda que “havia uma ou outra flor mas junto ao caixão havia bens alimentares”, que foram distribuídos pelas pessoas “mais pobres, os mais carenciados”, num gesto de homenagem, e de “cumprimento da sua vontade”, expresso em 2016.
Na edição de hoje das ‘Memórias que contam’, Ricardo Vara Cavaleiro, jurista da Pastoral Penitenciária da Igreja Católica em Portugal, partilhou também como vai continuar o legado do padre João Gonçalves e destacou a importância da vacinação na pandemia Covid-19 ser também uma prioridade nos estabelecimentos prisionais.
Natural da freguesia da Gafanha do Carmo, onde nasceu a 28 de março de 1944, João Gonçalves foi ordenado por D. Manuel de Almeida Trindade a 21 de dezembro de 1969, na Sé de Aveiro.
CB