Médio Oriente: «É preciso continuar a alertar opinião pública e governantes para o genocídio», diz responsável católica

Catarina Martins visitou refugiados no Líbano e Iraque

Lisboa, 07 abr 2015 (Ecclesia) – A diretora da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre disse hoje à Agência ECCLESIA que “é preciso continuar” a expor o conflito do Médio Oriente no Ocidente e falar do “genocídio” em curso das minorias na região.

Após uma visita de duas semanas a campos de refugiados e deslocados no Líbano e no Iraque, Catarina Martins afirmou que é necessário “alertar a opinião pública e os governantes para o genocídio e expulsão” que estão a ser vítimas os cristãos no Médio Oriente.

Catarina Martins integrou uma equipa internacional da Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) e, para além de refugiados e deslocados, conversou com responsáveis religiosos de outras confissões para “terem várias perspetivas do problema”, que pediram uma “solução política, não de guerra”.

“Outro pedido constante é que o mundo ocidental pare com o tráfico de armas. Há países da Europa a ganhar muito dinheiro com este conflito”, comentou, acrescentando que é preciso “impedir” que jovens ocidentais combatam nestes países, em concreto pelo autoproclamado Estado Islâmico.

Para a diretora da AIS em Portugal, é necessário “fomentar o perdão, querer a paz” e se a Comunidade Internacional não apoiar a comunidade cristã há um “risco não apenas para o Médio Oriente mas para o mundo”.

Segundo Catarina Martins, várias pessoas “querem” que os principais líderes das religiões se sentem e deem “testemunho de paz” e destaca que existe “muita esperança” que o Líbano possa ser exemplo para os outros países pelo “seu trabalho e forma como desenvolve as alterações na Constituição”

“Não será fácil, a convicção é que conflito se vá prolongar por mais algum tempo, desde um a quatro anos”, acrescenta.

Para a entrevistada, o “exemplo de fé” transmitido pelas pessoas em situação de deslocadas e refugiadas é algo que a “Europa necessita”.

“Continuamos alheados e não damos a devida atenção a todo este massacre, ao genocídio que está a acontecer. Foi uma experiência em termos humanos dolorosa mas riquíssima”, comentou.

“Em todos estes locais encontrei pessoas que apesar de toda a violência exercida sobre si são pessoas muito felizes, com uma fé imensa, com uma confiança em Deus muito grande”, explicou a diretora da AIS para quem seria legítimo “terem revolta” mas já perdoaram.

A responsável revelou que também foi marcante ver mulheres, crianças e homens em “situações tão pouco dignas”: “Sem qualquer tipo de condições, falta de higiene, limpeza dos campos”, exemplificou.

Segundo Catarina Martins estas pessoas “muito sofridas” têm alegria por “mostrar e dar testemunho” que são cristãos.

Catarina Martins revelou ainda que ficou “surpreendida” positivamente pelo primeiro balanço da campanha quaresmal que a IAS promoveu em Portugal cuja renúncia destina-se a ajudar as comunidades cristãs na Síria.

“Há uma grande generosidade com os irmãos em situações desumanas, as pessoas sentiram-se tocadas com os testemunhos”, analisa a presidente do secretariado nacional da AIS que frisa estar a verificar um resultado “muito, muito positivo”.

CB/PR

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