Jorge Wemans, fundador do «Público», comenta atentado à redação do «Charlie Hebdo» em França
Lisboa, 08 jan 2015 (Ecclesia) – O jornalista Jorge Wemans mostrou-se hoje convicto de que o atentado terrorista ao jornal francês “Charlie Hebdo” não irá fazer cair aquele que seria o alvo primordial dos assassinos, “a liberdade de imprensa”.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o fundador do jornal “Público” e antigo diretor da RTP2 deixou o seu “repúdio absoluto” à “violência” que atingiu esta quarta-feira a redação da publicação gaulesa e que causou a morte a 12 pessoas, entre elas oito profissionais de comunicação.
As forças de segurança já identificaram os dois alegados autores do atentado, dois irmãos de 32 e 34 anos que estavam sinalizados pelo Governo francês por suspeita de ligação ao Estado Islâmico.
No quadro dos media, este caso está a ser visto como um novo passo na onda de violência que tem sido praticada por aquele grupo extremista, o de silenciar os órgãos de informação, de cercear a liberdade dos jornalistas e o seu direito de expressão, face às atrocidades que têm sido cometidas.
Jorge Wemans acredita que “os jornalistas, nomeadamente, os ocidentais, vão resistir seguramente a esta tentativa de os calar, de manipular as suas consciências”.
“Nós temos suficientemente funda dentro de nós a convicção da importância da liberdade de imprensa, da liberdade critica, da liberdade de que o espaço público tem que ser feito e construído com opiniões muito diversas”, realça.
“Deste ponto de vista”, acrescenta ainda o comunicador, “aquele que seria o objetivo último deste atentado não foi ganho pelos assassinos, será ganho é pelas vítimas”.
Sobre a possibilidade de agora este caso fazer estalar uma onda ainda maior de indignação e de hostilidade contra a comunidade islâmica, o jornalista sublinha que “há centenas de milhões de fiéis muçulmanos que seguramente nada têm a ver com esta loucura, com estes assassinatos”.
“A esmagadora maioria dessas pessoas repudia este tipo de violência, são homens, mulheres e crianças pacíficas”, aponta Jorge Wemans.
Os últimos dados revelados pela imprensa indicam que os presumíveis autores dos crimes estão por esta altura refugiados numa casa na região de Picardie, a cerca de 80 quilómetros do centro de Paris.
O governo gaulês decretou inclusivamente “nível máximo de alerta” para aquele território, onde já se encontra “um forte dispositivo policial”.
JCP