Especialista espanhol destacou «aprendizagens» da pandemia e sublinhou importância de apresentar histórias com rostos «concretos»
Fátima, 23 set 2021 (Ecclesia) – O secretário da Comissão Episcopal das Comunicações Sociais da Conferência Episcopal de Espanha disse hoje em Fátima que a “comunicação da Igreja não pode fechar”, sublinhando as “aprendizagens” da pandemia.
“Foi um tempo difícil para a vida da Igreja, para muitas pessoas e também difícil para a comunicação da Igreja. Mas com muito a ensinar e muitas oportunidades. Muita gente podia fechar os trabalhos, os escritórios mas a porta fechada da Igreja parecia uma ofensa”, lembrou o padre José Gabriel Vera, encerrando o primeiro dia das Jornadas Nacionais da Comunicação Social promovidas pela Igreja Católica em Portugal.
O conferencista relatou que as primeiras duas semanas de confinamento, em março de 2020, foram passadas a tentar “aprender a trabalhar em casa”, vendo nesse ensinamento uma “oportunidade de aprender para o presente e futuro”.
A intervenção passou em revista várias das iniciativas levadas a cabo para contrariar a ideia de uma Igreja de “portas fechadas”, as quais ajudaram a mudar a perceção da opinião pública sobre a ação das comunidades católicas em resposta à crise provocada pela Covid-19.
O padre José Gabriel Vera sublinhou a importância de fazer uma “comunicação que conta histórias”, para além da transmissão das Missas, que “ajudou” a tornar visível que a Igreja continuava a celebrar.
Na conferência ‘Zoom out: Análise e perspetivas’, o sacerdote da Diocese de Pamplona afirmou que quando chega uma crise alguém tem de ocupar-se em “manter a luz”, porque a “Igreja não pode fechar as portas e a comunicação da Igreja não pode fechar”.
“A comunicação em tempo de crise é muito mais importante, tem de crescer. Uma aprendizagem que nos obrigou a estar sempre disponíveis para os meios de comunicação social e também para a comunicação interna – as instituições, os sacerdotes, delegações -, que é muito importante que continuem a comunicar”, acrescentou.
Segundo o professor de Comunicação Social, as transmissões são “uma oportunidade de evangelização” e há “públicos novos” que podem ajudar as comunidades católicas a crescer, a vários níveis.
Quanto à utilização de recursos digitais, acrescentou, a “Igreja deu um alto de 10 anos” durante a pandemia, referindo que em Espanha “todas as instituições diocesanas, todos os bispos estão nas redes sociais”.
O sacerdote incentivou também à produção de “podcasts”, mesmo com comunicações institucionais, e sobre a revolução digital e as publicações em papel salientou que “não há respostas definitivas”, pelo que têm de conviver “os dois modelos” como “portas de entrada” para as pessoas, que procuram conteúdos diversificados, na Igreja Católica
Sobre o trabalho do seu gabinete de comunicação, observou que os meios de comunicação social “cada vez têm menos meios” e precisam de mais conteúdo que as dioceses podem propor, oferecendo textos, áudios, vídeos, fotografias.
Neste âmbito, realçou que é preciso contar histórias com “rostos concretos”, e os jornalistas “todos os dias” procuram “histórias bonitas da Igreja”.
Sobre o problema das ‘fake news’, as notícias falsas, o sacerdote espanhol, que é doutor em Comunicação Pública, explica que a Igreja tem de “trabalhar mais, trabalhar antes, trabalhar mais rápido”, para quando essa notícia chegar já ter comunicado “o que é a realidade” e alertou para as “deepfake”, isto é, os vídeos falsos, que parecem ser conteúdos verdadeiros.
CB/OC
As jornadas promovidas pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais (SNCS), que decorrem até sexta-feira, tem como tema ‘Zoom in, Zoom out. Confinamento e Comunicação”, presencialmente em Fátima e pelos meios online.
O presidente da Comissão Episcopal responsável pelo setor dos media, D. João Lavrador, disse que a pandemia provocou “ruturas comunitárias”, que importa superar no futuro imediato, na sessão de abertura do encontro. O programa das jornadas foi apresentado pela diretora do SNCS, Isabel Figueiredo, e os trabalhos continuaram com uma partilha de experiências das várias dioceses portuguesas, antes da conferência do padre José Gabriel Vera. Esta sexta-feira, o segundo dia das jornadas começa com um conjunto de cinco intervenções de vários especialistas, a partir de cinco verbos: incluir, apoiar, aprender, conhecer e aproximar”. A conferência final vai ser proferida pelo diretor da Faculdade de Ciências Humanas da UCP, o professor Nelson Ribeiro, partindo de uma frase do Papa Francisco, na sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2021, “Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são”. |
Igreja/Media: Reconhecer, valorizar e melhorar é o caminho para a comunicação social – Paulo Rocha