Media: Arcebispo de Évora diz que é preciso evitar extinção do «diálogo»

D. José Alves falou sobre o Dia Mundial das Comunicações Sociais destacando a «ousadia» do tema «silêncio e palavra»

Évora, 17 mai 2012 (Ecclesia) – A Igreja Católica celebra este domingo o Dia Mundial das Comunicações Sociais desafiando profissionais e colaboradores, ligados aos media de inspiração cristã, a refletirem sobre o equilíbrio entre “silêncio e palavra” como “caminho de evangelização”.

Para o arcebispo de Évora, o tema escolhido por Bento XVI revelou a “ousadia” de um Papa que “quis salientar a importância do silêncio e apontar os limites do recurso exagerado à palavra”, numa sociedade “onde as pessoas são constantemente bombardeadas com mensagens transmitidas por tecnologias cada vez mais sofisticadas”.

Durante a apresentação do Dia Mundial aos jornalistas da arquidiocese, esta quarta-feira, D. José Alves referiu que o grande desafio dos media cristãos passa por contrariar a tendência geral de transformar a comunicação num “monólogo” e evitar a extinção do “diálogo”, na cultura atual.

Segundo aquele responsável, a palavra está hoje imersa por um “conjunto imenso de respostas para as quais não foram formuladas perguntas” e “por uma infindável lista de perguntas que não têm resposta”.

O silêncio, entendido como abertura de coração e não como atitude de desinteresse ou inatividade, “cria espaço para escutar, acolher e interpretar a mensagem do outro”.

Só através deste processo “reflexivo e contemplativo” é que a comunicação religiosa ganhará “autenticidade” e conquistará a lucidez necessária para corresponder ao “imperativo da missão” decorrente do Evangelho, concluiu o arcebispo de Évora.

A mensagem de Bento XVI para o 46.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, sustenta que “quando as mensagens e a informação são abundantes, torna-se essencial o silêncio para discernir o que é importante daquilo que é inútil ou acessório”.

O documento convida os responsáveis católicos a estarem particularmente atentos às novas formas de comunicação saídas da Internet e a analisarem “as várias formas de sítios, aplicações e redes sociais que possam ajudar o homem atual” a encontrar “espaços de silêncio, ocasiões de oração, meditação ou partilha da Palavra de Deus”.

“Na sua essencialidade, breves mensagens – muitas vezes limitadas a um só versículo bíblico – podem exprimir pensamentos profundos”, indica o Papa, numa alusão à prática já implementada por leigos, sacerdotes, bispos e cardeais na rede social ‘Twitter’.

Bento XVI observa que no silêncio “se identificam os momentos mais autênticos da comunicação entre aqueles que se amam” e que daí deriva “uma comunicação ainda mais exigente, que faz apelo à sensibilidade e à capacidade de escuta”.

A celebração do Dia Mundial das Comunicações Sociais foi a única do género a ser instituída pelo Concílio Vaticano II (Decreto ‘Inter Mirifica’, 1963).

JCP/OC

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