Marketing para a Vida Consagrada

A diminuição do número de candidatos à Vida Consagrada, em Portugal, é uma realidade que não tem passado à margem dos Institutos religiosos, que se manifestaram prontos a recorrer à ajuda do Marketing para melhor fazer passar a sua mensagem vocacional num mundo em que apenas se destacam as ideias que façam a diferença, no meio da multipli-cidade de ofertas. Carlos Liz, especialista em Marketing e director-geral da APEME (uma empresa de estudos de mercado), explica à Agência ECCLESIA que o tema do Marketing entrou na Pastoral Vocacional a 15 de Setembro de 2005, num encontro de animadores da Confederação dos Institutos Religiosos de Portugal e da Federação Nacional de Institutos Seculares. “Aí houve a coragem de colocar como tema ‘Vocações, uma questão de Marketing?’ e o que eu fiz foi trabalhar sobre esses conceitos e ver se eles tinham aplicabilidade no que é a acção pastoral”, lembra. “Há aqui uma dissonância entre a qualidade da oferta e a dinâmica da procura: a Vida Consagrada sabe que tem coisas para dizer altamente relevantes, se calhar nunca foram tão relevantes, mas essa oferta não se está a fazer ouvir, não se faz perceber no lado da procura”, esclarece. Desde então, as metodologias do Mar-keting têm sido aplicadas, através de passos concretos, que serão visíveis no próximo encontro de animadores, marcado para Maio, com a ajuda do director criativo Pedro Oliveira. “Existe um folheto de inscrição que é feito profissionalmente; depois, há um programa eivado de questões de Marketing”, adianta Carlos Liz. “O Marketing tem muito a ver com a surpresa e esse é um dos aspectos em que ele pode ser útil na pastoral das vocações, quebrando a maneira habitual de dizer”, prossegue. Em preparação está o logotipo da Comissão da Pastoral Vocacional da CNIRP/FNIS para procurar “quebrar uma lógica insuficiente para uma comunicação eficaz”. Vão ser ainda lançadas as “fichas de Marketing”, um coleccionável com conceitos aplicados à Vida Consagrada. Falar da “qualidade de serviço” da Vida Religiosa, por exemplo, é um dos passos possíveis, estudando quais são os critérios de atendimento ou como é monito-rizada essa relação. “O Marketing na Vida Consagrada só serve para criar condições para que se consiga ouvir, com limpidez, a Palavra de Deus e o seu chamamento”, conclui. Estatísticas Segundo o Anuário Católico de Portugal de 2006, há mais de sete mil e quinhentos religiosos e religiosas portugueses. Os 39 institutos de vida consagrada masculinos contam, no nosso país, com um total de 1.310 membros e os 103 institutos femininos com 5.431 religiosas. Agregados a estes institutos, residem no estrangeiro 60 homens consagrados e 77 irmãs, e encontram- se nas missões “ad gentes” 312 religiosos e 397 religiosas. Os institutos masculinos possuem, nas respectivas etapas de formação, 50 postulantes, 32 noviços e 131 professos. Por sua vez, as congregações femininas instaladas em Portugal, espalhadas por 709 comunidades, contam nas suas fileiras com 160 juniores, 42 noviças e 33 postulantes. O nosso país conta, por outro lado, com 17 institutos seculares. Sem descurarem a sua actividade profissional ou vivência familiar, estas pessoas vivem a sua consagração em confronto permanente com a rotina e realidade concretas. Os institutos seculares foram aprovados pelo Papa Pio XII, em 1947, tratando-se, assim, duma forma de vida consagrada relativamente recente, flexível e adaptada às necessidades da dinâmica sócio-cultural actual.

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