Marcha da paz percorre no bairro da Quinta da Fonte

“Juntos construímos mais.” Este é o lema de um conjunto de iniciativas que hoje, e ao longo de toda a semana, vai decorrer no bairro da Quinta da Fonte, na freguesia da Apelação (Loures), para pôr fim aos conflitos no bairro. Uma marcha pela paz, uma celebração ecuménica e a pintura de um mural e de algumas fachadas de prédios compõem o pacote de acções simbólicas promovidas pelas associações de jovens locais – Associação de Jovens da Apelação (AJA), Vitamina C e Clube Cidadania. Na semana passada, a Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos (ONPC) assumiu uma posição pública relativamente aos recentes acontecimentos violentos na Quinta da Fonte. Em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, refere-se que “existem no bairro problemas de criminalidade profundos e não controlados; existem sobretudo problemas profundos de clivagens sociais não sanadas”. A ONPC apela “às famílias étnicas residentes na Quinta da Fonte e a todas as entidades oficiais e não governamentais representadas no bairro, particularmente às associações cívicas, que valorizem a escuta de quem é outro, seja qual for a sua origem, o seu passado ou a sua cultura”, “que a convivência prevaleça sobre as rupturas” e “que os preconceitos de poder e predomínio dêem lugar à aceitação das diferenças”. As 53 famílias ciganas que se encontram concentradas em frente à Câmara Municipal de Loures desde Quinta-feira, decidiram que não vão regressar à Quinta da Fonte, após terem feito um rastreio às condições de segurança do bairro. “As pessoas não estão psicologicamente preparadas para encarar a Quinta da Fonte” afirmou à Lusa José Fernandes, porta-voz da comunidade cigana. O ministro da Administração Interna afirmou que estava convicto de que estão reunidas as condições para, dentro em breve, todos os habitantes que de lá saíram na sequência do tiroteio poderem regressar à Quinta da Fonte. O bairro da Quinta da Fonte, na freguesia da Apelação, foi construído para acolher desalojados pela construção dos acessos à Expo 98 e tem actualmente 2500 habitantes de várias origens. Também em comunicado, o Observatório Permanente sobre a Produção, Comércio e Proliferação de Armas Ligeiras refere que “o tiroteio na Quinta da Fonte, em Loures, entrou-nos casa dentro, na tarde da sexta-feira 11 de Julho de 2008, por obra da televisão, para despertar, brutalmente, a sociedade portuguesa para a realidade da proliferação das armas e para o triste cortejo de fenómenos na sua origem ou a ela associados que, de uma vez por todas, urge encarar de frente, com coragem, para que sejam erradicados” Sobre as armas ilegais, o documento indica que a Lei que disciplina o uso e porte de armas “tem de ser cumprida em toda a sua extensão, e as forças de segurança têm que estar dotadas dos meios humanos e técnicos necessários para o cumprimento das suas novas e acrescidas responsabilidades”. O Observatório diz ainda que “as actividades ilícitas associadas à utilização das armas ilegais e de muitas armas legais retiradas a seus donos – em muitos casos por incúria ou distracção – têm de ser combatidas, com toda a severidade, pelas forças de segurança e pela Lei em todos os domínios da sua aplicação”. Redacção/DN/Lusa

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