Mar: Vaticano condena «exploração e exclusão» dos pescadores

Responsável da Santa Sé diz que é urgente garantir «melhores condições» a estes trabalhadores e suas famílias

Cidade do Vaticano, 20 nov 2014 (Ecclesia) – O Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes associou-se hoje à celebração do Dia Mundial da Pesca com uma mensagem em que exorta os agentes do setor a uma presença mais efetiva junto dos pescadores.

No texto, enviado à Agência ECCLESIA, o presidente daquele organismo da Santa Sé sublinha a importância dos “Apostolados do Mar, nacionais e locais, renovarem o seu compromisso de proximidade nos portos pesqueiros”.

Para o cardeal Antonio Maria Vegliò, é fundamental que a Igreja colabore “no desenvolvimento de programas específicos que integrem os pescadores e as suas famílias nas comunidades locais, que lhes deem voz e permitam expressar também as suas necessidades, sem se sentirem excluídos”.

A mensagem da Santa Sé para o Dia Mundial da Pesca (21 de novembro) recorda as dificuldades por que passam diariamente os pescadores, cujo esforço é “geralmente mal pago e recompensado”.

Por outro lado, como “passam a maior parte do tempo no mar e pouco tempo com a família”, veem-se muitas vezes “marginalizados e privados do contacto com a pastoral da Igreja”.

O setor pesqueiro, segundo dados do Apostolado Internacional do Mar, emprega e sustenta atualmente cerca de 58,3 milhões de pessoas, 37 por cento das quais a tempo inteiro.

D. Antonio Maria Vegliò chama a atenção para as “centenas de pescadores que, todos os anos são vítimas do mar” e os “muitos outros” que são afetados física e psicologicamente no exercício daquela que é “reconhecidamente como uma das profissões mais perigosas do mundo”.

“Os pescadores são muito vulneráveis a situações de exploração, de maus tratos, de tráfico humano e trabalho forçado”, aponta aquele responsável católico, para quem faltam mecanismos legais que protejam melhor os direitos destes trabalhadores.

Logo que seja aprovada, a Convenção sobre o trabalho e a pesca de 2007 poderá abrir boas perspetivas “na melhoria das circunstâncias dos pescadores”.

Segundo o presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, “os objetivos do documento passam por assegurar que todos os pescadores tenham acesso a melhores condições de trabalho, a bordo das suas embarcações, em termos de alojamento, alimentação, segurança, saúde e benefícios sociais”.

Para entrar em vigor, a Convenção tem de ser ratificada pelos 10 principais Estados costeiros, sendo que ela já foi assinada pela “Argentina, Bósnia-Herzegovina, República Democrática do Congo, Marrocos e África do Sul”.

Também neste campo, os “Apostolados do Mar de todo o mundo devem prosseguir a sua ação, à escala regional e nacional, a favor da sua ratificação”, complementa D. Antonio Maria Vegliò.

O cardeal italiano conclui a sua mensagem salientando a urgência de implementar também estratégias que permitam levar a cabo uma atividade piscatória mais sustentável e que não coloque em causa os ecossistemas e o equilíbrio ambiental.

“Chegámos a um ponto crítico em que é preciso praticar uma pesca responsável e que respeite a natureza”, conclui.

JCP

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