Mais Europa no colégio cardinalício

Terceiro consistório de Bento XVI eleva número de italianos e concentra votos de futura eleição papal em oito países

O terceiro consistório do pontificado de Bento XVI, em que foram ser criados 24 novos cardeais, reforça a influência europeia no colégio cardinalício, concentrando mais de metade dos votos de uma futura eleição papal em oito países.

No novo colégio cardinalício surgido da cerimónia deste dia 20 de Novembro estão representados os cinco continentes, com 69 países, 53 dos quais têm cardeais eleitores (com menos de 80 anos).

Em comparação com o grupo de cardeais que elegeu Bento XVI, em 2005, verifica-se um aumento da presença italiana (passou de 20 para 25) e da Europa, em geral (de 58 para 62), com mais de metade dos eleitores, o que não acontecia quando João Paulo II morreu.

Ao anunciar o consistório deste fim-de-semana, no último dia 20 de Outubro (ver vídeo), Bento XVI afirmava que na lista dos eescolhidos se reflectia “a universalidade da Igreja”.

“Eles provêm das várias regiões do mundo e desempenham tarefas ao serviço da Santa Sé ou em contacto directo com o Povo de Deus como Padres e Pastores de Igrejas particulares”, defendeu.

Entre os 24 novos cardeais, encontramos 15 europeus, dez dos quais são italianos. Quatro africanos, dois norte-americanos, dois sul-americanos e um asiático completam a lista.

Metade dos novos 20 cardeais eleitores vem da Cúria Romana e vários outros chegam de sedes diocesanas habitualmente cardinalícias, como Varsóvia, Washington ou Munique.

Neste último caso, o cardeal Marx vai também tornar-se o mais novo dos cardeais da Igreja Católica, com 57 anos de idade.

O actual Papa já tinha criado 38 cardeais (36 ainda vivos, 30 com direito a voto). Depois deste terceiro consistório, a Itália reforça o seu estatuto de país com maior número de cardeais eleitores (25).

À Itália seguem-se os EUA (13 cardeais eleitores), Alemanha (6); Brasil, Espanha e França (5 cada), México e Polónia (4 cada).

Estes oito países totalizam 67 cardeais com direito a voto num eventual conclave, mais de metade do colégio de eleitores e um número próximo dos 81 (maioria de dois terços) que seriam necessários para a eleição pontifícia.

Os cardeais eleitores ficam assim repartidos geograficamente (entre parêntesis, indica-se o número total de cardeais, incluindo os que têm mais de 80 anos de idade): Europa – 62 (111); América Latina – 21 (31); América do Norte – 15 (21); África – 12 (17); Ásia – 10 (19); Oceânia – 1 (4).

No total, depois de 20 de Novembro há 121 eleitores (em 203 Cardeais). 71 dos cardeais eleitores foram criados por João Paulo II e os outros 50 por Bento XVI

Qualquer cardeal é, acima de tudo, um conselheiro específico que pode ser consultado em determinados assuntos quando o Papa o desejar, pessoal ou colegialmente.

Durante o período de “Sede vacante”, após a morte do Papa, o colégio cardinalício desempenha uma importante função no governo geral da Igreja e também no governo do Estado da Cidade do Vaticano.

Os requisitos para ser criado cardeal são, basicamente, os mesmos que estabeleceu o Concílio de Trento na sua sessão XXIV de 11 de Novembro de 1563: homens que receberam a ordenação sacerdotal e se distinguem pela sua doutrina, piedade e prudência no desempenho dos seus deveres.

A lusofonia está actualmente representado por nove cardeais brasileiros, os dois portugueses (D. José Saraiva Martins e D. José Policarpo), um angolano e um moçambicano.

Lista dos novos Cardeais

(Cúria Romana)

Angelo Amato (Itália) –  Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos

Fortunato Baldelli (Itália) – Penitenciário-mor

Raymond Leo Burke (EUA) –  Prefeito do Tribunal da Assinatura Apostólica

Velasio De Paolis (Itália) –  Prefeito para os Assuntos Económicos e Comissário dos Legionários de Cristo

Francesco Monterisi (Itália) –  Arcipreste da Basílica papal de São Paulo fora de muros, em Roma

Kurt Koch (Suíça) –  Presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos

Gianfranco Ravasi (Itália) –  Presidente do Conselho Pontifício para a Cultura

Paolo Sardi (Itália) –  Pro-patrono da Ordem de Malta

Robert Sarah (Guiné-Conakry) –  Presidente do Conselho Pontifício Cor Unum

Mauro Piacenza (Itália) –  Prefeito da Congregação para o Clero.

(Dioceses)

Antonio Naguib –  Patriarca de Alexandria dos Coptas (Egipto), relator geral do Sínodo para o Médio Oriente

Paolo Romeo –  Arcebispo de Palermo (Itália)

Reinhrad Marx –  Arcebispo de Munique (Alemanha)

Kazimierz Nycz –  Arcebispo de Varsóvia (Polónia)

Donald William Wuerl –  Arcebispo de Washington (EUA)

Laurent Monsengwo Pasinya –  Arcebispo de Kinshasa (R.D. Congo)

Medardo Joseph Mazombwe –  Arcebispo emérito de Lusaka (Zâmbia)

Albert Malcom Ranjith Patanbendige Don –  Arcebispo de Colombo (Sri Lanka)

Raul Eduardo Vela Chiriboga –  Arcebispo emérito de Quito (Equador)

Raymundo Damasceno Assis –  Arcebispo de Aparecida (Brasil)

(Não-eleitores)

Elio Sgreccia (Itália) –  Ex-presidente da Academia Pontifícia para a Vida

José Manuel Estepa Llaurens (Espanha) –  Ex-arcebispo militar na Espanha e colaborador na redacção do Catecismo da Igreja Católica

Walter Brandmueller (Alemanha) –  Ex-presidente da Comissão Pontifícia de Estudos Históricos

Domenico Bartolucci (Itália) –  Ex-director musical da Capela Sixtina

 

 

 

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