LUSOFONIAS – O lugar da Mãe nas JMJ Lisboa

Tony Neves, em Jancido – Gondomar

As Jornadas Mundiais da Juventude foram um momento enorme de Missão que congregou 1,5 milhão de pessoas no Parque Tejo, mas envolveu muitos outros milhões e marcou quantos a viveram ou acompanharam através dos media. O Papa apelou sempre à missão de uma Igreja, sem medo, sem desânimo, em saída, aberta a todos, onde todos (todos, todos) têm vez e voz. Pediu uma opção clara pelos pequenos e pobres que vivem nas margens e periferias e colocou Maria como modelo. Disse no Parque Eduardo VII, na Celebração de Acolhimento: ‘Dispomos de uma grande ajuda – uma Mãe – que, especialmente nestes dias, nos toma pela mão e indica o caminho. É a maior criatura da história! E não porque tivesse uma cultura superior ou habilitações especiais, mas porque nunca se separou de Deus. O seu coração não se deixou distrair nem poluir: foi um espaço aberto ao Senhor, sempre em conexão com Ele. Teve a coragem de se aventurar pelos caminhos da palavra de Deus e, assim, trouxe a esperança e a alegria ao mundo. Maria ensina-nos a caminhar na vida’.

A intervenção do Papa na Vigília das JMJ volta a insistir na dimensão missionária de Maria que parte apressadamente: ‘Ela cultiva a alegria, pondo-se a caminho. Diz-nos que, para aumentar e conservar a alegria, é preciso aprender a arte do caminho. Esta exige um ritmo cadenciado, regular, enquanto hoje se vive de emoções rápidas, sensações momentâneas, instintos que duram instantes. Não! A alegria não nasce assim. Mas ensina-nos que é preciso a constância da caminhada. Passo a passo chega-se longe!’. E, para quem gosta de futebol, o Papa lembrou que por detrás de um golo estão muitos dias de treino…por trás de uma bela canção, muitas horas de inspiração e trabalho, por trás de uma descoberta importante está muito estudo e investigação.

Mas foi em Fátima que o Papa Francisco abriu o seu coração à Mãe. Disse: ‘Rezámos o terço, uma oração muito bela e vital; vital, porque nos põe em contacto com a vida de Jesus e de Maria. E meditámos os mistérios da alegria, que nos lembram que a Igreja não pode ser senão a casa da alegria. A Capelinha onde nos encontramos constitui uma bela imagem da Igreja: acolhedora, sem portas. A Igreja não tem portas, para que todos possam entrar. E aqui podemos insistir também no facto que todos podem entrar, porque esta é a casa da Mãe, e uma mãe tem sempre o coração aberto para todos os seus filhos, todos, todos, todos, sem excluir nenhum’.

Maria, em Fátima, assume integralmente a sua Missão de Mãe que sai apressadamente ao encontro dos filhos. O Papa lembrou aos peregrinos: ‘Estamos aqui, sob o olhar materno de Maria, estamos aqui como Igreja, Igreja mãe. A peregrinação é precisamente uma característica mariana, porque a primeira a fazer uma peregrinação, depois da anunciação de Jesus, foi Maria. Logo que soube que sua prima se encontrava grávida – esta estava já em idade avançada –, Maria saiu correndo. Traduzindo um pouco livremente a expressão do Evangelho «dirigiu-se à pressa», diríamos que «Ela saiu correndo»; saiu correndo levada pelo desejo de ajudar, de estar presente’.

Nossa Senhora recebeu, ao longo da história, muitos títulos que constam nas ladainhas ou nas invocações de muitas padroeiras de Congregações, Igrejas e Capelas. Mas o papa Francisco, em Fátima, foi original e criativo na sua relação à Mãe: ‘Temos muitos títulos de Maria, mas, se pensarmos bem, há mais este que também poderíamos dizer: a Virgem ‘que sai correndo’, sempre que há um problema; sempre que A invocamos, Ela não demora a vir; é solícita. Nossa Senhora solícita: gostais assim? Digamo-lo todos juntos: ‘Nossa Senhora solícita’. Apressa-Se, para estar perto de nós, apressa-Se porque é Mãe. Em português, dizemos «apressada» – observa-me D. Ornelas. «Nossa Senhora apressada»! E é assim que acompanha a vida de Jesus; e não Se esconde depois da Ressurreição, acompanha os discípulos à espera do Espírito Santo; e acompanha a Igreja que começa a crescer depois do Pentecostes. Nossa Senhora que Se mostra solícita e Nossa Senhora que acompanha. Acompanha sempre. Nunca é protagonista. O gesto com que Maria Mãe acolhe é duplo: primeiro acolhe e depois aponta para Jesus. Maria, na sua vida, não faz senão indicar Jesus: ‘Fazei o que Ele vos disser’. Segui Jesus.

Pensemos que estes são os dois gestos de Maria: acolhe-nos a todos e indica Jesus. E fá-lo com solicitude, apressada. Nossa Senhora solícita, que nos acolhe a todos e nos indica Jesus’. E conclui: ‘Esta assim é Maria. Esta é a nossa Mãe, Nossa Senhora solícita em estar perto de nós. Que Ela nos abençoe a todos!’.

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