Tony Neves
O Diálogo InterReligioso é uma das linhas da frente da Missão da Igreja hoje. A testar esta convicção temos as recentes visitas do Papa Francisco a Abhu Dhabi (nos Emiratos Árabes Unidos) e a Marrocos. Numa das reuniões no Pontifício Conselho para o Diálogo Inter Religioso, no Vaticano, encontrei D. Miguel Angel Guixot, um comboniano espanhol que trabalhou no Egipto e no Sudão. Este missionário perito em islamismo acaba de ser escolhido pelo Papa para ser, a 5 de Outubro, um dos novos cardeais. Mas conheço outros da lista. No dia em que mataram Jonas Savimbi, fundador da UNITA, a 22 de Março de 2002,viajei de Viseu até Lisboa com um padre italiano da Comunidade de Santo Egídio. O seu nome é Matteo Zuppi e foi o coordenador da mediação no processo de paz moçambicano, entre a FRELIMO e a RENAMO. Hoje Arcebispo de Bolonha, D.Matteo Zuppi consta também da lista dos novos cardeais.
D. Eugénio dal Corso chegou há décadas a Angola como missionário argentino, membro dos Pobres Servos da Divina Providência. Conheci-o como Bispo do Saurimo e, mais tarde, Bispo de Benguela, a diocese que mais padres prepara e ordena em Angola. A sua Missão episcopal foi prolongada por diversos anos, tendo o seu substituto sido nomeado apenas em 2018. O Papa Francisco incluiu-o na sua lista de novos cardeais, aos 80 anos, sendo um dos três cardeais que já não irão a nenhum conclave.
O Papa Francisco escolheu ainda D. Tolentino Mendonça para o colégio cardinalício. Tem apenas 53 anos, passando a ser o 2º mais novo (depois de D. Dieudonné Nzapalainga, Espiritano, Arcebispo de Bangui, na República Centro Africana). Nomeado para Arquivista e Bibliotecário do Vaticano, esta nova escolha Papal aponta para outras missões que a Igreja reserva para o novo cardeal português. Felicito este grande biblista e poeta, amigo de longuíssima data, e desejo-lhe muita inspiração para as próximas responsabilidades que lhe serão confiadas.
O Papa Francisco, ano após ano, vai escolhendo os seus colaboradores abrindo caminhos novos à Missão da Igreja. O Papa quer uma Igreja mais simples e mais empenhada nas causas da justiça, da paz e do diálogo com outras religiões e com as culturas do nosso mundo. E, claro, os novos cardeais traduzem esta opção eclesial e esta orientação pastoral.