Livro religioso em busca de novos leitores

Editores lamentam pouca procura nas Feiras do Livro O universo editorial português tem sido marcado por um recente dinamismo no que diz respeito ao “livro religioso”, vendo nascer – a par das edições da UCP e outras editoras católicas – algumas colecções de livros que se propõem reflectir temas teológicos e associados ao fenómeno da Religião. Num momento em que as cidades de Lisboa e do Porto se encontram a viver as suas Feiras do Livro, o programa ECCLESIA foi perceber de que tratam esses livros e a que público se destinam. O Pe. Tolentino Mendonça, director da revista Didaskalia – da Faculdade de Teologia da UCP –, defende que é necessário contrariar a ideia generalizada de que em Portugal não se faz teologia, e teologia a sério”, em áreas tão diferentes como a bioética, a história da arte, a exegese bíblica ou a teologia fundamental. Alexandre Palma, teólogo e diácono do Patriarcado de Lisboa, apresentou no último número da Didaskalia, um levantamento sobre o dinamismo editorial na área da Teologia. Ao programa ECCLESIA explica que “o fenómeno religioso começa a despertar interesse para além dos ambientes mais tradicionais, de forma mais generalizada”. Sinal disso é o aparecimento de publicações em editoras não tradicionalmente ligadas ao “livro religioso”. Para Tolentino Mendonça, “o fenómeno religioso passou do vitral para a montra”, permitindo que a Teologia, enquanto ciência humana, possa sair de um “círculo restrito”. Neste contexto, assinala, é fundamental que os católicos correspondam ao desafio lançado pelas editoras e procurem as obras, até para encontrar respostas para “a formação da sua fé”. Alexandre Palma lembra que várias das publicações que chegaram nos últimos tempos ao mercado “voltam-se para um público muito vasto, que se interroga sobre a sua caminhada de fé ou a procura de Deus”. Feiras abaixo do esperado Relativamente às Feiras do Livro iniciadas na última semana de Maio, em Lisboa e no Porto, as editoras contactadas pela Agência ECCLESIA apresentaram um balanço negativo dos primeiros dias de presença nos locais, com vendas abaixo do normal, em relação aos últimos anos. Presenças habituais nestes espaços, editoras como as Paulinas, a Paulus, as Salesianas, a Difusora Bíblica, a Rei dos Livros e outras que se associam aos seus “stands” procuram atrair os leitores com o lançamento de novas obras e a presença de autores, em sessões de autógrafos. Apesar disso, a afluência tem sido reduzida. Para além da propalada “crise”, que se estende também ao mercado livreiro, são apresentadas como possíveis explicações a falta de divulgação dos eventos ou o calor que marcou as primeiras semanas, que poderá ter afastado potenciais interessados. Ainda assim, uma réstia de optimismo marca as palavras das editoras, lembrando que em anos anteriores foram sempre os últimos dias aqueles em que se registou uma maior volume de vendas. O Pe. Tolentino Mendonça, também director do Secretariado Nacional da Cultura, saúda a presença destas editoras nas Feiras do Livro, sublinhando a importância de não “reduzir o livro religioso a um reduto”, mas perceber que ele está presente em várias editoras. “Era interessante que os cristãos, ao passearem pelas Feiras, pensassem na importância de procurarem um livro de teologia”, assinala.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top