Celebração de Domingo de Ramos lembrou a guerra que, «de novo», acontece «na terra comum de todos»
Lisboa, 11 abr 2022 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa invocou na celebração de Domingo de Ramos “o tempo difícil para a humanidade”, recordando que o que o Homem sempre temeu, a peste, a fome e a guerra, se traduzem “de novo em muitas situações”.
“Iniciamos esta Semana Maior de 2022 num tempo difícil para a humanidade, em que os males sempre temidos da peste, da fome e da guerra se traduzem de novo em muitas situações, mais próximas ou mais distantes, mas que são irrecusavelmente nossas, na terra comum de todos”, indicou D. Manuel Clemente, durante a homilia da celebração de Domingo de Ramos, a que presidiu na Sé de Lisboa.
O responsável quis recordar, no início da Semana Santa – momento central do ano litúrgico que recorda os dias da prisão, julgamento e execução de Jesus, culminando com a Páscoa, celebração da ressurreição de Cristo – que os “males tiveram e continuam a ter resposta da parte de Deus”.
“Quando entre nós tantos refugiados anseiam pela recuperação da sua terra e pela vida dos seus. Os gestos de comunhão espiritual e solidariedade concreta que se têm somado nestas trágicas semanas, mostram o melhor do coração humano e reabrem o futuro que a guerra quis fechar. São prenúncios daquela vida que ressuscitou dum sepulcro que parecia fechado. Fulguram a Páscoa que Cristo garante. Na humildade e no serviço, vivamos uma semana realmente «maior»”, afirmou.
O cardeal-patriarca de Lisboa lembrou que a “fragilidade humana” se manifesta na “encarnação na cruz” e são “o exemplo de humildade que Deus eterno e omnipotente” quis dar “em Jesus”.
“A omnipotência divina não se manifesta como qualquer poder mundano, mas precisamente ao contrário, como entrega de si próprio, acompanhando-nos na fragilidade humana e mesmo na dor mais aguda e imerecida, como foi a de Cristo, que assumiu a de tantos”, sublinhou.
D. Manuel Clemente quis deter-se na “grafia e significado” das palavras “humanidade e humildade”, indicando como a atitude de Jesus “assegura a vitória pascal”.
“Uma humildade que vence no contraste com os poderes impositivos daquela ou desta altura, esses sim passageiros e derrotados como acabam por ser”, assinalou.
O cardeal-patriarca convidou a percorrer a “via-sacra com Jesus”, tal como “Ele a percorreu e continua a percorrer nos mais árduos caminhos das vidas individuais e coletivas” mostrando “como foi e continua a ser”.
“Assim continua a ser, agora e ressuscitado, multiplicando os sinais da sua presença no mundo, também e sobretudo junto dos mais pobres de todas as pobrezas, ou oprimidos de todas as opressões. Sinais da sua presença são os que, movidos pelo Espírito que nos deixou, lhe reproduzem os gestos salvadores e ecoam a sua voz consoladora, daqui até à Ucrânia e da Ucrânia a todos os cenários de muitos dramas e tragédias que não faltam por esse mundo além, ou aquém”, reconheceu.
LS