Cardeal-patriarca de Lisboa explica que a cruz dá «sentido» ao sofrimento
Lisboa, 07 abr 2023 (Ecclesia) – D. Manuel Clemente pediu hoje para que nunca se perca a “vista da cruz”, em especial “nos dias que correm, nas tristezas que tocam, na Igreja, no mundo”, afirmando ser ela a “marca mais profunda da evangelização”.
“Creio mesmo que o sentido redentor que o sofrimento pode alcançar, quando unido ao de Cristo, para a salvação dos outros, é a marca mais profunda que a evangelização deixou entre nós”, afirmou o cardeal-patriarca de Lisboa durante a homilia na celebração da Paixão do Senhor, na sé da capital.
“Assim o tenho ouvido da boca de muitos, que, unidos à paixão de Cristo, encontram sentido para o que padecem e não teria outra solução. Ainda recentemente o testamento espiritual do nosso saudoso D. Daniel é um exemplo magnífico disto mesmo. E posso acrescentar que algo semelhante ouvi a clérigos e leigos atingidos por doença mortal ou muito grave. Trata-se do realismo cristão mais essencial e de amor desinteressado e em estado puro”, acrescentou.
O cardeal-patriarca lamentou “algum laicismo” que tenta “apagar os símbolos religiosos dos lugares públicos”, mas afirmou que também os cristãos se afastam da cruz, não dando o “devido relevo, quer na vida quer nos espaços de culto”.
“Quando não fazemos do seu anúncio o ponto central da catequese ou do discurso, privamos os outros do que temos de mais essencial como redenção propriamente dita”, porque, continuou, “nada conseguirá apagar o drama humano e nada o redime como a Cruz do Senhor, donde brota a vida”.
“Jesus salvou-nos bem por dentro do nosso drama, compartilhando-o inteiramente e fazendo-nos companhia onde mais precisamos de a ter, mesmo na injustiça mais sofrida e na dor mais atroz. Tudo isto fez seu, para o entregar nas mãos de Deus Pai e nos remir à sua custa”, sublinhou.
D. Manuel Clemente referiu-se ainda à cruz das jornadas mundiais da juventude, que este ano, está a congregar “tantos jovens de diocese em diocese, sem precisar de mais nada senão dela mesma e da atração que exerce”.
“Deslumbra-nos ver como a Cruz da JMJ, tão simples e despojada como é, vem congregando tantos jovens de diocese em diocese, sem precisar de mais nada senão dela mesma e da atração que exerce. É um exemplo por demais eloquente da vida que irradia”, assinalou.
LS