Lisboa: Comunidade da Capela do Rato apresentou conclusões da reflexão sinodal

Documento foi entregue a D. Manuel Clemente que presidiu à Eucaristia do último domingo

Foto: Capela do Rato

Lisboa, 28 mar 2022 (Ecclesia) – A equipa de coordenação da consulta sinodal da Capela do Rato, na Diocese de Lisboa, apresentou as conclusões do processo realizado em comunidade, e entregou-as ao cardeal-patriarca D. Manuel Clemente, no final da Missa deste domingo.

Sandra Chaves Costa, uma das coordenadoras deste processo, começou por explicar que a comunidade da Capela do Rato considera que a Igreja é a instituição mais antiga com um “papel relevante na educação, na saúde e na cultura, e com a maior obra social realizada”, e na atualidade mostra uma “crescente consciência da necessidade de evoluir segundo o Evangelho, e representar a voz da esperança”.

“Todavia, sobretudo no ocidente, apresenta-se envelhecida e triste, com número decrescente de fiéis, tendencialmente conservadora, e crítica das novas dinâmicas sociais e culturais”, acrescentou.

Segundo esta responsável, a comunidade “acredita” que a participação com responsabilidade e sinodalidade não “são praticadas efetivamente”, vê uma Igreja frequentemente “pouco inclusiva e acolhedora em termos espirituais e em termos humanos”.

“Discriminando divorciados, recasados, e pessoas com diferentes orientações sexuais, identidades e expressões de género. Não dando a atenção suficiente a pessoas com deficiência e marginalizadas, privilegiando atitudes assistencialistas nas situações de pobreza e institucionalização nos grupos mais vulneráveis”, exemplificou.

Sandra Chaves Costa disse que entendem que a Igreja “tem uma atitude demasiado hierárquica, clerical, corporativa”, que é pouco transparente, e resistente à mudança, “protegendo a sua imagem, antes de proteger a comunidade de fiéis, como aconteceu nos casos de pedofilia”.

Ângela Barreto Xavier, também coordenadora local deste processo sinodal, acrescentou que a comunidade deseja que “se reconheçam as mulheres como companheiras de caminho iguais aos homens”, promovendo a sua plena integração na hierarquia eclesial, “e a possibilidade de ordenação”, e se permita que o celibato do clero “seja opcional ou alvo de debate”.

No âmbito da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, a comunidade destacou a necessidade de “dialogar com os jovens”, escutando as suas dúvidas e anseios, “respondendo de forma não dogmática, e fechada”.

Foto: Capela do Rato

As conclusões apresentadas a D. Manuel Clemente indicam a necessidade de “instigar ativamente” uma ecologia integral e investir na construção da paz, atualizar a formação nos seminários, “nomeadamente através da integração de mais mulheres, consagrada ou não”, apostar numa catequese “apelativa e dinâmica para crianças e jovens”, e “investir numa formação realista para o casamento”, “dar uma atenção particular às pessoas com deficiência e desenvolver formas criativas de acolhimento das mesmas”.

Já para que o caminho sinodal se concretize com “maior plenitude” na Capela do Rato, Ângela Barreto Xavier referiu que a comunidade propôs que os grupos sinodais se mantenham, e se instituam um conselho pastoral e uma estrutura sinodal permanente, “com assembleias comunitárias anuais para definir e rever planos de atividades”.

“É um grande caderno de encargos, mas temos tempo, vamos criar o tempo”, disse o cardeal-patriarca de Lisboa, no final da leitura das conclusões.

D. Manuel Clemente deu aos presentes os “parabéns pelo caminho feito”.

O Sínodo 2021-2023 começou em outubro do último ano, subordinado ao tema ‘Para Uma Igreja Sinodal: comunhão, participação, missão’, lançando um processo global de escuta e mobilização das comunidades católicas, com etapas diocesanas, nacionais e continentais antes da assembleia que o Vaticano vai receber, em outubro de 2023.

“Em resposta ao Papa Francisco, também nos mobilizamos para experimentar a liberdade de rezar, de falar, de sonhar o futuro da Igreja, e julgar o presente em conjunto”, assinalou o capelão da Igreja de Nossa Senhora da Bonança, a Capela do Rato, padre António Martins.

CB/OC

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