Lisboa 2023: Papa evoca «lágrimas» dos jovens, rezando para que «a alma volte a sorrir»

Via-Sacra no Parque Eduardo VII reuniu 800 mil pessoas

Foto Bárbara Vitória/JMJ Lisboa 2023

Lisboa, 04 ago 2023 (Ecclesia) – O Papa evocou hoje em Lisboa as “lágrimas” das novas gerações, falando durante a Via-Sacra da JMJ 2023, no Parque Eduardo VII, perante uma multidão estimada em 800 mil pessoas.

“Faço-vos uma pergunta, mas cada um responde para si: choro, de vez em quando? Há coisas na vida que me fazem chorar? Todos choramos na vida, ainda choramos, e aí está Jesus, Ele chora connosco”, disse, no início da celebração.

Francisco pediu um momento de silêncio, para que cada um “diga a Jesus por que razão chora na vida”.

“Jesus, com a sua ternura, enxuga as nossas lágrimas escondidas. Jesus espera colmar, com a sua proximidade, a nossa solidão. Que tristes são os momentos de solidão”, declarou.

O Papa falou de medos “obscuros” que afetam as pessoas, convidando todos a “abraçar o risco de amar”.

“Há que correr o risco de amar. É um risco, mas vale a pena”, sustentou.

As meditações escritas por jovens de diversas nacionalidades abordam as tradicionais 14 estações – momentos ligados à prisão, julgamento e execução de Jesus Cristo, na tarde do próximo dia 4 de agosto – e são intercaladas por três testemunhos de jovens da Espanha, Portugal e EUA.

“Jesus caminhou, curando os doentes, dando atenção aos pobres, fazendo justiça, caminhou pregando, ensinando. Jesus caminha, mas o caminho que mais está gravado no nosso coração é o caminho do Calvário, o caminho da cruz”, referiu Francisco, que deixou de lado o discurso preparado.

O Papa falou de um Deus que “sai de si mesmo”, para caminhar no meio da humanidade e que “faz isso por amor”.

As reflexões da Via-Sacra apresentam as preocupações das novas gerações sobre temas como a guerra, desemprego, solidão, dependência digital, perseguição religiosa e alterações climáticas.

Francisco apontou à Cruz Peregrina, que acompanha cada JMJ, como sinal do “amor maior”, o de Jesus Cristo, que quer “abraçar” a vida de cada pessoa.

“Jesus caminha por mim. Temos de dizê-lo, todos, começa este caminho por mim, para dar a sua vida por mim. E ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos, pelos outros. Não se esqueçam disto”, acrescentou.

O Papa citou uma frase que o impressiona: “Senhor, pela tua inefável agonia, posso acreditar no amor”.

“Jesus caminha, mas espera algo, espera a nossa companhia, que olhemos, não sei, espera abrir janelas da alma de cada um de nós. Que feias são as almas fechadas”, declarou.

Cada um de nós pense no seu próprio sofrimento, na sua ansiedade, nas suas próprias misérias. Não tenham medo, pensam nelas. E pensem na vontade de que a alma volte a sorrir. E Jesus caminha para a cruz, morre na cruz, para que a nossa alma volte a sorrir. Amen”.

O Papa iniciou esta terça-feira a sua segunda visita a Portugal, onde permanece até ao próximo domingo.

Este sábado, o Papa desloca-se para Fátima, em helicóptero, desde a Base Aérea de Figo Maduro, chegando à Cova da Iria para recitar o terço com jovens doentes, pelas 09h30, na Capelinha das Aparições.

A estadia no Santuário de Fátima conclui-se pelas 11h00, regressando Francisco a Lisboa, onde às 18h00 decorre o tradicional encontro privado – nas viagens internacionais – com os membros da Companhia de Jesus (Jesuítas), no Colégio de S. João de Brito.

Os momentos conclusivos da JMJ Lisboa 2023 decorrem a partir das 20h45, no Parque Tejo, com a vigília de oração.

Francisco regressa ao local no domingo, pelas 09h00, presidindo à Missa final da JMJ e à recitação do ângelus; de tarde, às 16h30, decorre o encontro com os voluntários da Jornada, o Passeio Marítimo de Algés.

A cerimónia de despedida, na Base Aérea de Figo Maduro, está marcada para as 17h30.

OC

 

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Agência ECCLESIA

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