«Um Papa a confessar num confessionário feito por um recluso vem apontar para a construção de uma cidade nova» – Pedro Rei
Lisboa, 27 jul 2023 (Ecclesia) – A equipa do ‘Parque do Perdão’, da Jornada Mundial da Juventude 2023, assinala que quem passa pela montagem dos confessionários, em Belém, tem “curiosidade e interesse em acompanhar este processo”, os peregrinos vão ter subsídios para “fazer um percurso espiritual”.
“A interação com a cidade, que é isso que também se pede, tem sido muito positiva, porque as pessoas veem, passam, e ficam o mínimo curiosas com o que aqui se está a passar. E nós também queremos isso, tentar uma abordagem positiva com crentes e não crentes, assumir uma atitude pedagógica do modo como podemos fazer este entrosamento na cidade”, disse Pedro Rei, à Agência ECCLESIA.
O jovem do ‘Parque do Perdão’, que está integrada na ‘Cidade da Alegria’ da JMJ Lisboa 2023, explica que também querem “chegar a todos os cidadãos” que ali passam, explicando o que vai acontecer, e “eles têm sentido muita curiosidade e interesse em acompanhar este processo”.
“Sobretudo para entrar nos confessionários e ver os bancos, temos um feedback muito positivo”, acrescenta.
Os 150 confessionários começaram a ser montados, esta quarta-feira, em Belém, com a ajuda de dois técnicos, o Bruno e o Sebastião, e têm de estar prontos para o início da Jornada Mundial da Juventude 2023, a primeira edição internacional em Portugal, no dia 1 de agosto, e esta equipa está a “preparar o espaço para acolher os peregrinos e os sacerdotes”.
Pedro Rei explica que “qualquer pessoa se pode confessar”, o espaço não é exclusivo para os peregrinos, entre os dias 1 a 4 de agosto de 2023, das 10h00 às 18h00, mas têm de fazer o mesmo processo: “Entrará na fila, depois será distribuído pelo idioma selecionado, e será encaminhada para um padre que aguardará num confessionário e confessará na língua pedida”.
“Vai haver uma série de subsídios de espiritualidade que convidam os peregrinos a fazer um percurso espiritual de preparação para o Sacramento da Reconciliação. De uma forma responsável, não persecutória ou negativa, quisemos afastar essa leitura que, muitas vezes, ainda pesa sobre este sacramento, mas fazer uma abordagem positiva ao modo como estes peregrinos leem a sua vida, a sua relação consigo mesmo, a sua relação com os outros, e a sua relação com Deus”, destacou o entrevistado.
O Papa vai confessar alguns peregrinos, às 09h00 do dia 4 de agosto, durante a sua próxima visita a Portugal, no contexto da Jornada Mundial da Juventude, e Pedro Rei, lembrando que a presença do Papa “é um hábito” nos recintos apropriados para a confissão da JMJ, afirma que a presença de Francisco “é uma bênção”.
“Uma bênção e uma oportunidade para afirmarmos a comunhão com o bispo de Roma e estarmos em toda a linha unidos ao seu magistério, e pôr na agenda da JMJ aquilo que é o ponto nodal do seu magistério nos últimos anos, que é o sínodo, e como aqui também participamos, potenciamos, já a génese de uma Igreja cada vez mais sinodal, em vista à participação, à comunhão, à missão onde todos nos encontramos”, desenvolveu o doutorando em História Religiosa.
A construção destes 150 confessionários foi confiada a reclusos dos Estabelecimentos Prisionais de Coimbra, Paços de Ferreira e Porto, um serviço remunerado que valoriza o trabalho realizado pelos reclusos e contribui para a sua reinserção na sociedade.
“Um Papa a confessar num confessionário feito por um recluso vem apontar para a construção de uma cidade nova”, afirmou Pedro Rei.
É uma maneira de os fazer responsáveis, protagonistas, deste processo das Jornadas, e apontar para mais longe. Num contexto em que os discursos securitários, nacionalistas, identitários, tendem a circunscrever numa lógica demagógica, incriminar estas camadas da população, quisemos em toda a linha com o magistério do Papa Francisco dizer que estes homens e estas mulheres são cidadãos de pleno direito”.
O presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, D. Américo Aguiar, e a ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, visitaram esta quarta-feira, o início da construção dos confessionários no Parque do Perdão.
CB/OC