Líderes religiosos denunciam crimes contra humanidade no Zimbabwe

Os líderes religiosos da África Austral apelaram na passada sexta-feira, em Joanesburgo, à condenação pela comunidade internacional da militarização da juventude zimbabueana pelo governo de Robert Mugabe visando o esmagamento da oposição. O apelo sintetiza um relatório elaborado por diversas organizações religiosas, subscrito pelo Arcebispo de Bulawayo (Zimbabué), Pius Ncube, e pelos Bispos sul-africanos do Kwazulu-Natal, Rubin Phillip, e de Rustenburg, Kevin Dowling, e que será entregue durante os próximos dias por Ncube a João Paulo II, segundo a agência Lusa. “Modelar jovens numa maneira verdadeiramente zimbabueana” foi o título escolhido para o relatório sobre o treino de milícias da juventude e posteriores acções no terreno, entre Outubro de 2000 e o passado mês de Agosto, “emprestando” uma expressão utilizada há um ano pelo vice-presidente do Zimbabwe, Joseph Msika, na cerimónia de graduação de 1.063 milícias em Monte Darwin. “O programa de treino de juventude, mascarado como esquema de inculcamento de valores patrióticos, não poderia estar mais longe dessa acção”, denunciam os responsáveis religiosos. Lágrimas e depoimentos emocionados de vítimas e testemunhas das agressões denunciadas no documento marcaram a conferência de imprensa realizada num hotel de Joanesburgo. O relatório de 73 páginas, que inclui fotografias a cores de vítimas de ataques das milícias do partido no poder no Zimbabwe, a ZANU-PF, depoimentos recolhidos por organizações como a Amnistia Internacional e testemunhos directos de agredidos e até de padres, traça um quadro configurável de crime contra a humanidade. “Com a publicação deste relatório já não haverá qualquer justificação possível para a velha desculpa de que “eu não sabia”, venha ela do Zimbabwe ou da comunidade internacional”, alertam em apelo os autores do documento.

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