«Ad Limina» 2024: É nas comunidades que «entra ou não entra o dinamismo da sinodalidade como modo de ser Igreja»

Episcopado encontrou-se com a Secretaria Geral do Sínodo e D. Virgílio Antunes disse que o envolvimento de várias partes no processo sinodal, das dioceses ao Vaticano, é uma «novidade absoluta»

Foto Agência ECCLESIA/PR

Paulo Rocha, enviado da Agência Ecclesia ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 20 mai 2024 (Ecclesia) – O vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) afirmou que a visita ‘Ad Limina’ dos bispos de Portugal começou com um “muito bom” diálogo na Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, lembrando que o “dinamismo da sinodalidade” acontece sobretudo nas comunidades.

“A maior parte do trabalho faz-se nos lugares onde nós estamos, é nas comunidades concretas, aí é que entra ou não entra o dinamismo da sinodalidade como modo de ser da Igreja”, afirmou D. Virgílio Antunes.

Foto Agência ECCLESIA/PR

Em declarações à Agência ECCLESIA e à Renascença após o encontro com a Secretaria Geral do Sínodo, que decorreu esta manhã, o bispo de Coimbra lembrou que “o espírito e a verdadeira renovação nascem das ideias, nascem da reflexão, nascem da teologia, nascem da doutrina”, e são contributo para um processo que “não concluiu” e conta com as propostas das comunidades e da Santa Sé, destacando a existência “nova mentalidade”.

“Há uma forma de estarmos como Igreja nas nossas comunidades que já está a sentir os efeitos de uma nova mentalidade, de uma nova forma de ser e de uma nova forma de estar, mesmo sem irmos para aquelas questões que precisam de uma decisão a partir da Igreja Universal”.

“Do ponto de vista da Santa Sé, de Roma, do próprio Santo Padre, há a promoção da reflexão e depois há pontos, nomeadamente teológicos e pastorais, e que têm a ver com o direito canónico, etc, que isso naturalmente depende de uma definição da Igreja universal e não simplesmente de cada diocese, ou de cada comunidade, ou de cada lugar”, indicou.

O vice-presidente da CEP lembrou que o tema da sinodalidade está na “centralidade da vida da Igreja”, nomeadamente na Igreja em Portugal, nas suas diferentes dioceses e movimentos.

“A Igreja em Portugal está envolvida, está de coração aberto, está disponível para fazer caminho com o Santo Padre, o Papa Francisco, para fazer caminho com todos os que são participantes ativos na própria Assembleia Sinodal, e nós temos o nosso contributo, talvez humilde e simples, a dar, sobretudo a disponibilidade para a renovação”, sublinhou.

Foto Agência ECCLESIA/PR

D. Virgílio Antunes defendeu a necessidade de uma “abertura de horizontes” no âmbito da evangelização, nomeadamente no “acolhimento das pessoas”, a fomentar “uma relação mais eficaz e mais eclesial entre os membros da hierarquia, a generalidade dos cristãos leigos, dos consagrados do povo de Deus” para que reorganizar as diferentes estruturas da Igreja “a partir da centralidade da comunhão, da participação, da missão”.

“Estamos abertos, estamos disponíveis, e foi muito bom este diálogo com a Secretaria Geral do Sínodo, porque nos veio confirmar naquilo que estamos a fazer e também fizemos eco daquilo que tem estado a ser a realidade em Portugal”.

D. Virgílio Antunes destacou a participação das comunidades em Portugal na preparação das assembleias sinodais, lembrando que “nenhum sínodo” teve este processo que antecedeu a reunião dos bispos.

O vice-presidente da CEP valorizou também a forma como está a decorrer o processo sinodal, com a possibilidade dos relatórios diocesanos ou da Conferência Episcopal não ser “um juízo crítico nem um juízo teológico ou doutrinal sobre aquilo que se reportava, mas fazer eco daquilo que era o sentir e o pensar das pessoas”.

“É uma novidade absoluta para a maior parte das pessoas que participaram nestes diferentes momentos do processo sinodal. E isso é muito bom e muito belo”, afirmou.

A visita “Ad Limina” dos bispos de Portugal decorre no Vaticano até sexta-feira, dia em que acontece o encontro com o Papa Francisco.

PR

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