Liberdade Religiosa: Fundação pontifícia denuncia aumento da perseguição contra cristãos, registando 7600 mortes entre 2020 e 2022

Relatório da Ajuda à Igreja que Sofre alerta para situação em países asiáticos, Médio Oriente e África

Foto: Fundação AIS

Lisboa, 16 nov 2022 (Ecclesia) – A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) lançou hoje o relatório ‘Perseguidos e Esquecidos?’, produzido a nível internacional, denunciando um aumento da perseguição contra cristãos em países asiáticos, do Médio Oriente e África.

“A perseguição aos Cristãos piorou nos principais países estudados. O nacionalismo religioso e o autoritarismo intensificaram os problemas dos fiéis, incluindo o regresso dos talibãs ao poder no Afeganistão, o que levou os cristãos e outras minorias a uma desesperada tentativa de fuga”, indica o documento, enviado à Agência ECCLESIA pelo secretariado português da AIS.

A AIS refere que o número de ataques aumentou “acentuadamente” nos dois anos em análise, havendo registo de mais de 7600 cristãos mortos.

Este relatório, produzido a cada dois anos, tem como objetivo analisar as violações da liberdade religiosa contra os cristãos nalguns dos países onde há “descrições persistentes de abusos de direitos humanos”.

“A violência sistemática e um clima de controlo resultaram num aumento da opressão aos Cristãos, em países tão diversos como a Coreia do Norte, a China, a Índia e a Birmânia”, indica a fundação pontifícia.

Quanto ao continente africano, a AIS indica que a situação dos cristãos “piorou em todos os países sob pesquisa”, com provas de “um grande aumento de violência genocida por parte de grupos militantes, incluindo jihadistas”.

“O extremismo ameaça comunidades cristãs, outrora fortes. Na Nigéria e noutros países, a violência transpõe claramente o limiar do genocídio”, alerta o documento.

A AIS aponta o dedo a grupos como o ‘Boko Haram’, na Nigéria, e a ‘Província Islâmica do Estado do Oeste da África’ (ISWAP), que tentam estabelecer califados na região do Sahel.

Quanto ao Médio Oriente, a fundação pontifícia considera que “a própria sobrevivência das comunidades cristãs no Iraque, na Síria e na Palestina está em causa”.

No período em análise, de outubro de 2020 a setembro deste ano, assistiu-se nos 24 países em observação ao agravamento da perseguição aos cristãos”.

Foto: Fundação AIS

Um dos países em análise é Moçambique, onde ataques sistemáticos por parte de grupos terroristas islâmicos, que reivindicam a sua ligação ao Daesh, “levaram já ao deslocamento de mais de 800 mil pessoas e à morte de mais de 4 mil”.

O relatório é aberto pelo testemunho do padre Andrew Abayomi, que estava a celebrar a Missa no Domingo de Pentecostes, a 5 de junho deste ano, quando a igreja foi alvo de um ataque na Nigéria, provocando 40 mortes e dezenas de feridos.

“Enquanto as balas enchiam o ar, eu só pensava em como salvar os meus paroquianos. Alguns conseguiram trancar a porta de entrada e eu chamei as pessoas para entrarem na sacristia. Dentro da sacristia, eu não conseguia mexer-me: as crianças rodeavam-me e os adultos agarravam-se a mim”, relata o sacerdote.

O padre Andrew Abayomi considera que o mundo está a ser, de alguma forma, cúmplice destes terroristas.

“Está a acontecer um genocídio, mas ninguém se importa”, alerta.

O relatório está disponível online, na página do secretariado português da AIS.

Começa hoje, quarta-feira a “Semana Vermelha” (#RedWeek), ação promovida pela Fundação AIS em Portugal, com o objetivo de sensibilizar a opinião pública para a questão da perseguição aos cristãos.

O arranque desta iniciativa está agendado para as 16h30, no Santuário de Cristo-Rei, em Almada, onde um grupo de voluntários e amigos da Fundação AIS vão rezar o Terço, a que se seguirá a celebração da Missa.

No final, o monumento ao Cristo-Rei será iluminado de vermelho, “procurando-se, dessa forma, lembrar todos os mártires do cristianismo”.

“O objetivo é só um: combater a indiferença, pois não é justo que se continue a ignorar os sucessivos ataques, a violência e discriminação a que estão sujeitos milhões de cristãos, que são a comunidade religiosa mais perseguida em todo o mundo”, indica uma nota do secretariado português.

OC

 

 

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