Cardeal sublinha que pandemia serviu como «sinal de alarme»
Leiria, 07 set 2020 (Ecclesia) – O cardeal D. António Marto, bispo da Diocese de Leiria-Fátima, alerta num documento publicado hoje que a pandemia veio servir como “sinal de alarme” para o abandono das celebrações dominicais da Missa.
“Bastantes pessoas ainda estão reticentes em participar na celebração dominical, dominadas pelo medo ou pelo comodismo. Sentimos tristeza e preocupação, particularmente com a ausência de pais, crianças e jovens. Não será o sinal de alarme e alerta de que a pandemia veio pôr a descoberto e acentuar o que já estava a acontecer, isto é, o abandono da celebração dominical por parte das novas gerações?”, questiona, na carta pastoral sobre a Eucaristia que vai orientar a ação pastoral da diocese nos próximos dois anos.
O responsável católico assinala que o período de confinamento, por causa da Covid-19, evidenciou “a necessidade da personalização da fé”, propondo uma “pastoral de proximidade”.
O texto leva em consideração os impactos da pandemia, nos últimos meses e no futuro, admitindo que as limitações impostas pela doença abalaram “profundamente” as comunidades católicas.
Nunca tínhamos imaginado ver as igrejas vazias, suspensas as celebrações comunitárias, a catequese e tantas atividades. A impossibilidade de aceder aos sacramentos, de receber a comunhão sacramental, de se encontrar com os irmãos e irmãs em comunidade, de celebrar um funeral religioso digno aos entes queridos falecidos, de viver confinados a Quaresma, a Páscoa e todo o tempo pascal, tudo isto constituiu uma dura provação”.
O cardeal português sublinha que os últimos meses mostraram “criatividade pastoral” e a possibilidade da “experiência da fé em família e como família, qual pequena Igreja doméstica”.
D. António Marto pede uma “Igreja em saída, próxima das pessoas, sobretudo das que mais sofrem”.
“O biénio pastoral, na atual situação de pandemia, é uma ocasião para as comunidades e grupos sociocaritativos se revitalizarem, para irem ao encontro das várias formas de pobreza, de quem passa necessidade”, aponta.
Onde há divisão, desinteresse recíproco, incapacidade de partilha, fechamento em si mesmo, desrespeito da dignidade humana, descarte dos pobres e frágeis, a Eucaristia é profanada”.
A Diocese de Leiria-Fátima está a iniciar um novo ciclo pastoral, que se vai estender por dois anos, dedicado à Eucaristia.
Na carta pastoral ‘A Eucaristia, Encontro e Comunhão com Cristo e os Irmãos’, o bispo diocesano fala num tempo “de emergência eucarística” marcada, sobretudo, “pela indiferença e consequente abandono da celebração dominical como se fosse algo meramente opcional”.
Para D. António Marto, a qualidade das celebrações passa pelo “respeito das normas litúrgicas”, com a “participação consciente, ativa e devota, interior e exterior, íntima e visível de toda a assembleia na celebração”.
Num anexo à carta pastoral, está esquematizado o plano pastoral 2020-2022 e disponibilizam-se tabelas com as atividades a desenvolver nos três níveis geográficos: diocesano, vicarial e paroquial.
OC