Legislativas no Zimbabwe sob o signo do medo

Arcebispo apela à revolta popular contra Mugabe O medo e a desconfiança marcam as eleições legislativas que hoje têm lugar no Zimbabwe. A vitória anunciada do presidente Robert Mugabe é contestada, desde já, pela oposição e mesmo pela Igreja Católica. O Arcebispo de Bulawayo, D. Pius A. Ncube, lançou um apelo por uma ampla e pacífica revolta contra aqueles que actualmente governam o Zimbabwe. O apelo foi lançado muma entrevista ao jornal “Indipendent”, um dos mais lidos na África do Sul. Segundo o Arcebispo, a população de Zimbabwe foi até agora muito paciente com o presidente Robert Mugabe, no poder desde a independência do país em 1980. D. Pius A. Ncube defende que “chegou a hora do povo tomar coragem e dar vida a uma ampla e ao mesmo tempo não violenta insurreição popular, que mande embora estes governantes”. O prelado cita o recente exemplo da Ucrânia, que se revoltou pacificamente contra as fraudes eleitorais. A campanha decorreu sem os violentos incidentes que marcaram as legislativas de 2000 e as presidenciais de 2002, mas o clima de “medo” e “intimidação” em todo o país condicionará a tendência do voto de hoje a favor da União Nacional Africana do Zimbabwe-Frente Patriótica (ZANU-FP), no poder, no entender de organizações de direitos humanos locais e internacionais. O próprio D. Ncube não se ilude e assegura que o as eleições foram preparadas para garantir a vitória dos políticos no poder. Essa situação só poderia mudar, afirma D. Ncube, “se a população se revoltasse”. Nos últimos cinco anos, os actos de intimidação e as detenções arbitrárias de opositores intensificaram-se, e leis aplicadas em 2002 restringiram a liberdade de imprensa e de associação, limitando a actividade da oposição e criando dificuldades a movimentos da sociedade civil, referem organizações de direitos humanos, como a Amnistia Internacional. No seu mais recente relatório sobre este país, publicado na semana passada, também a Human Rights Watch alertou para que “o medo constante” em que vivem os zimbabweanos impede um voto “livre” e “justo” e para o facto de o processo eleitoral estar “viciado por tácticas governamentais de intimidação” para “silenciar opositores”.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top