«Laudate Deum»: Bispo de Angra afirma que «há uma situação global que exige respostas globais»

«Quando um grupo de jovens portugueses levam a tribunal Estados porque não olham para este problema essencial, é um grito fantástico que se coloca ao lado do Papa» – D. Armando Esteves Domingues

Foto: Agência ECCLESIA

Angra do Heroísmo, Açores, 11 out 2023 (Ecclesia) – O bispo de Angra destaca que a nova exortação ‘Laudate Deum’ “está cheia de ideias fortes, de desafios fortes”, onde o Papa Francisco faz “um apelo quase dramático” sobre “a sobrevivência da vida no planeta”.

“Quase nas linhas, mas sobretudo nas entrelinhas, o Papa coloca-nos ai: abram os olhos porque é a própria humanidade que está em causa. É a sobrevivência da vida no planeta, que se coloca, e isto é um apelo quase dramático que o Papa faz”, explicou D. Armando Esteves Domingues, no podcast ‘Palavras que abrem Caminho’, do portal ‘Igreja Açores’, enviado à Agência ECCLESIA.

O Papa Francisco denunciou na exortação ‘Laudate Deum’ o que denomina como “paradigma tecnocrático”, que coloca na base da “degradação ambiental”.

“O Papa diz que os sinais são tão evidentes, as culpas são tão claras, e há tantas desculpas do bem-estar, da tecnologia, a culpa é dos pobres; vivemos num tempo onde se formos a dissecar algumas coisas parece uma aberração”, assinalou o bispo de Angra, destacando que Francisco “dá tanta esperança”, e toda a gente o quer ouvir, sobretudo, de fora da Igreja, “é maravilhoso”.

A exortação ‘Laudate Deum’ (Louvai a Deus), sobre o tema da ecologia integral, visa dar continuidade à reflexão da encíclica ‘Laudato Si’ (2015), e foi publicada na festa de São Francisco de Assis, santo que inspira o nome do novo documento.

“Dia que também começou o Sínodo, o Papa não faz estas coisas ao acaso, também no tempo de São Francisco havia tantas guerras, tantas discórdias, mesmo na Igreja. São Francisco foi aquela figura que não falou mal de ninguém, apenas se ofereceu”, acrescentou D. Armando Esteves Domingues.

O bispo de Angra salientou que “há uma situação global que também exige respostas globais”, e recordou o exemplo de um grupo de jovens portugueses que levaram 33 países a tribunal – Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, “porque não olham para este problema essencial”.

“É um grito fantástico que se coloca ao lado do Papa. Há tantos gritos destes. Mas o que é que vemos quando alguém faz uma manifestação mais violenta é processado porque ultrapassou as regras. Também aqui estamos a precisar de ouvidos”, realçou.

Sobre a exortação ‘Laudate Deum’, que também aponta à COP28, no Dubai, o responsável diocesano explica que “está cheia de ideias fortes, de desafios fortes”, diz que existem “instituições muito inúteis”, “as grandes organizações mundiais estão-se a tornar incapazes”.

Precisamos de uma humanidade, de um cristianismo muito mais generativo, que seja capaz de alimentar a força de homens novos para tornarem as instituições, as políticas, as instituições políticas internacionais, muito mais operativas, muito mais interdependentes, e que ninguém possa ir por ai fora continuar a destruir e dizer que a culpa é dos outros”.

D. Armando Esteves Domingues salienta ainda que o Papa “aponta uma linha”, refere que não há mudanças duradouras “sem mudanças culturais”, mas também não são possíveis “mudanças culturais sem mudanças nas pessoas”, no fundo, que “quem tem fé, de facto, ponha Deus no centro da criação”.

A conversa com o bispo de Angra, no podcast ‘Palavras que abrem Caminho’, começa com um olhar para a primeira parte da XVI Assembleia do Sínodo dos Bispos, que está a decorrer no Vaticano.

CB/OC

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