Lamego mostrou arte sacra escondida

Chegou ao fim o inventário do património religioso móvel em dois arciprestados, com resultados animadores Durante dois anos, uma equipa de peritos fez o inventário do património religioso móvel nos arciprestados de Lamego e Tarouca. “Fizemos um inventário parcelar de três categorias: ourivesaria, pintura e escultura” e “encontraram-se peças de rara beleza” – disse ao ECCLESIA Nuno Resende, responsável científico pelo trabalho. Nos dois arciprestados (24 paróquias de Lamego e 10 de Tarouca), o responsável realça que se fez o levantamento e marcação das peças. “Agora estamos a apresentar os frutos desse trabalho”. Quando começou a trabalhar neste projecto, Nuno Resende sabia que algumas obras de arte tinham sido incorporadas em museus nacionais e outras foram nacionalizadas. No entanto “fiquei surpreendido” porque “encontrámos peças belíssimas que ficaram enriquecidas com um tratamento de investigação, conservação e restauro”. Estas serão devolvidas às paróquias como forma “de dinamizar o culto e o próprio turismo” – sublinhou. Este trabalho vem no seguimento daquele que se fez em Vila Nova de Foz Côa e “foi um projecto financiado pela União Europeia” – disse o Pe. Hermínio Lopes, coordenador da inventariação na diocese de Lamego. Depois de terminada execução dos trabalhos fez-se uma exposição para mostrar as peças ao público. No passado dia 1 de Novembro, esta iniciativa – intitulada «A palavra e o Espírito» – conclui a sua mostra. Das várias dezenas de peças inventariadas, somente um painel, do século XVI, que estava no coro alto da Sé de Lamego, será exposto fora do culto. “Esta é a única obra musealizada” – salienta Nuno Resende. No decorrer dos trabalhos, Nuno Resende e a sua equipa encontraram “bons conjuntos de escultura”. E acrescenta: “Lamego não é conhecida somente pela obra de Vasco Fernandes”. O culto de S. António e S. Sebastião são frequentes naquela região do Douro. “Há uma dinâmica de cultos que varia de região para região e existem óptimos trabalhos de vários artistas” – disse o responsável científico. As obras de arte revelam a religiosidade que percorreu os vários séculos na região. “Esta Região estava e está profundamente ligada à Igreja enquanto instituição”. Neste périplo pelas 34 paróquias “compreendemos que há cultos vivos”. Geralmente as populações reagiram muito bem ao trabalho de inventariação porque é uma forma de “promover o património de cada paróquia”. Em relação ao futuro, o Pe. Hermínio Lopes disse que espera continuar este trabalho noutros arciprestados, mas “a diocese não tem capacidade financeira para suportar um projecto desta grandeza”. E conclui: “Esperamos contar novamente com projectos da Comunidade Europeia”.

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