Jubileu: Obras de Misericórdia Espirituais sustentam as corporais

Padre Vasco Pinto de Magalhães apresenta reflexão na reta final do Ano Santo extraordinário

Lisboa, 17 nov 2016 (Ecclesia) – O padre e autor Vasco Pinto de Magalhães considera que as tradicionais sete Obras de Misericórdia Espirituais devem “sustentar as outras”, as corporais, as quais podem ficar “bastante vazias” quando “feitas sem espírito”.

“As obras sem fé são vazias e, por isso, quer da parte de quem se dirige aos outros, quer da necessidade dos outros, devíamos estar muito atentos às suas necessidades espirituais”, disse o sacerdote da Companhia de Jesus (Jesuítas) à Agência ECCLESIA.

Na reta final do Jubileu da Misericórdia, que o Papa vai encerrar este domingo, o religioso que nos seus serviços pastorais se tem dedicado ao acompanhamento espiritual, observa a necessidade da formação dos outros, para os ajudar a “crescer, a ter uma atitude pedagógica de perdão e compreensão”.

“Hoje parece que há formas que misturam as duas, por exemplo, esta atenção em dar bolsas de estudo a quem não consegue encontrar formas de estudar é espiritual e corporal porque não podemos separar”, exemplifica o padre Vasco Pinto de Magalhães.

Na sociedade atual dos diversos ecrãs de telemóvel, tablet, smartphone, computadores e televisões, o sacerdote Jesuíta alerta para a “grande ambiguidade” porque se comunica uns com os outros “intensamente” mas “mascarados por detrás do ecrã”, perdendo o “contacto, o toque” entre as pessoas.

“A presença do olhar pode aparecer porque passamos a vida a mandar fotografias, uns para os outros, mas é uma imagem que formato, não estou ali com a minha verdade toda, com a minha fraqueza”, desenvolve.

Para o sacerdote, na fraqueza dos outros sente-se a própria “fraqueza, a debilidade e a fortaleza” e a mediação do ecrã pode “disfarçar e criar falsidade na comunicação”, mesmo que não seja pretendida.

O padre Vasco Pinto de Magalhães explica que, para si, outra Obra de Misericórdia Espiritual é “a capacidade e a coragem da denúncia da corrupção”, do abrir os olhos às pessoas que se calhar estão a deixar-se corromper, a envolver em ambientes em que “já ninguém sabe quem é quem, onde está o bem, onde está o mal”.

“Abrir os olhos aos outros acho que é uma grande obra”, sublinha, numa entrevista no contexto do final do Jubileu da Misericórdia, tema em destaque na emissão deste domingo do programa ‘70×7’ (RTP2).

A partir da sexta Obra de Misericórdia Espiritual – Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo – o padre Vasco Pinto de Magalhães, com experiência a orientar diversos retiros, assinala também que o “saber estar em silêncio” se poderia acrescentar às sete já existentes.

“É no silêncio que mastigo as tristezas e fraquezas do outro e as minhas. Se tenho medo do silêncio e tenho de responder logo para mostrar a minha cultura e eficácia se calhar já estou a fazer curto-circuito na comunicação”, acrescenta o sacerdote da Companhia de Jesus.

A edição desta sexta-feira do Semanário ECCLESIA vai ser dedicara ao encerramento do Jubileu da Misericórdia e à sua concretização nas várias obras espirituais e corporais que a Igreja Católica propõe aos seus fiéis.

HM/CB

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