Jubileu 2025: Papa convida Igrejas cristãs a definir data comum para a Páscoa

Ano Santo proclamado por Francisco acontece nos 1700 anos do Concílio de Niceia e quer ter dimensão ecuménica

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 09 mai 2024 (Ecclesia) – O Papa convidou as Igrejas cristãs a definir uma data comum para a Páscoa, na qual coincidem em 2025, 1700 anos depois do Concílio de Niceia.

“Seja isto um apelo a todos os cristãos do Oriente e do Ocidente para darem resolutamente um passo rumo à unidade em torno duma data comum para a Páscoa. Vale a pena recordar que muitos desconhecem as diatribes do passado e não entendem como possam subsistir divisões a tal propósito”, escreve Francisco, na bula de convocação do próximo Jubileu.

O texto, intitulado ‘Spes non confundit’ (A esperança não desilude), anuncia solenemente o início e fim das celebrações do próximo Ano Santo, entre 28 de dezembro de 2024 e 6 de janeiro de 2026, naquele que será o 27.º jubileu ordinário da história da Igreja.

O Papa destaca que este ano jubilar acontece num “aniversário muito significativo para todos os cristãos”, em que se completam 1700 anos da celebração do “primeiro grande Concílio ecuménico”, em que se tratou também da data da Páscoa.

“Niceia constitui também um convite a todas as Igrejas e Comunidades eclesiais para avançarem rumo à unidade visível, não se cansando de procurar formas apropriadas para corresponder plenamente à oração de Jesus”, indica.

As Igrejas Ortodoxas celebraram a Páscoa, este ano, cinco semanas mais tarde do que os católicos e protestantes, a 5 de maio; em 2025, no entanto, a data coincide, no dia 20 de abril
No século XVI, com a introdução por Gregório XIII do novo calendário, os católicos começaram a calcular a data da Páscoa a partir do agora chamado calendário gregoriano, enquanto as Igrejas do Oriente continuam a celebrar a Páscoa de acordo com o calendário juliano, que era usado em toda a Igreja, antes dessa reforma, e no qual o Concílio de Nicéia também se baseou.

A bula explica que o Concílio de Niceia teve “a missão de preservar a unidade, então seriamente ameaçada pela negação da plena divindade de Jesus Cristo e da sua igualdade com o Pai”, com a presença de cerca de 300 bispos, convocados pelo imperador Constantino, a 20 de maio de 325.

Os participantes acabaram por definir o “Símbolo de fé”, o Credo, que ainda hoje se professa nas celebrações eucarísticas dominicais, pelo que o Papa sublinha que “o Concílio de Niceia é um marco na história da Igreja”.

Francisco sublinha que o aniversário de Niceia mostra que, desde o início do Cristianismo, houve assembleias com “a finalidade de tratar temáticas doutrinais e questões disciplinares”.

“Nos primeiros séculos da fé, multiplicaram-se os Sínodos tanto no Oriente como no Ocidente cristão, mostrando como era importante guardar a unidade do Povo de Deus e o anúncio fiel do Evangelho”, acrescenta.

O Ano Jubilar poderá ser uma importante oportunidade para tornar concreto este modo sinodal, que hoje a comunidade cristã sente como expressão cada vez mais necessária para melhor corresponder à urgência da evangelização”.

O Papa deixa votos de que os Santuários sejam “lugares sagrados de acolhimento e espaços privilegiados para gerar esperança”, neste ano jubilar.

O Jubileu 2025 terá uma dimensão ecuménica numa das rotas de peregrinação propostas, o ‘Iter europaeum’ – 28 Igrejas que se referem a 27 países europeus e à União Europeia, com alguns templos de outras comunidades cristãs, em Roma.

Francisco fala ainda do ecumenismo dos mártires, “firmes na fé em Cristo ressuscitado, foram capazes de renunciar à própria vida da terra para não trair o seu Senhor”.

“Estes mártires, pertencentes às diferentes tradições cristãs, são também sementes de unidade, porque exprimem o ecumenismo do sangue. Durante o Jubileu desejo ardentemente que não falte uma celebração ecuménica para evidenciar a riqueza do testemunho destes mártires”, adianta.

Com a apresentação da Bula, que decorreu esta tarde na Basílica de São Pedro, o Papa anunciou oficialmente o Jubileu Ordinário de 2025.

O Papa Bonifácio VIII instituiu, em 1300, o primeiro ano santo – com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, cinquentenária e finalmente fixado de 25 em 25 anos.

OC

O título da bula vem de uma passagem da Carta de São Paulo aos Romanos (Rm, 5,5): “A esperança não desilude, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações por meio do Espírito Santo que nos foi concedido”.

“Que felicidade esperamos e desejamos? Não uma alegria passageira, uma satisfação efémera que, uma vez alcançada, volta sempre a pedir mais, numa espiral de avidez em que o espírito humano nunca se encontra saciado, antes sente-se cada vez mais vazio”, indica o Papa.

Francisco sublinha que a humanidade procura uma “felicidade que se cumpra definitivamente” naquilo que realiza o ser humano, “ou seja, no amor”.

“Existirei para sempre no Amor que não desilude e do qual nada e ninguém me poderá separar”, escreve.

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Agência ECCLESIA

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