Jovens de volta a Portugal após missão em Angola

Projeto suportado pelos Missionários do Espírito Santo atuou na região de Kalandula

Lisboa, 30 ago 2011 (Ecclesia) – Um padre e dez voluntários portugueses regressaram esta segunda-feira “de coração cheio” a Portugal, depois de um mês de missão em Kalandula, uma das localidades mais desfavorecidas de Angola.

A atividade, integrada no projeto ponte “Rebentos de Amor, Coração na Missão” dos Jovens Sem Fronteiras (JSF), tinha como principal objetivo apoiar as populações locais ao nível da educação mas, de acordo com Rita Costa, acabou por ser muito mais do que isso.

Em declarações à ECCLESIA, a presidente dos JSF destaca a forma como o seu grupo foi recebido em Kalandula e a onda de “partilha” que se gerou, “muito além das expectativas”.

“As pessoas aqui têm um dom de acolher extraordinário e é isso que trazemos mais no coração, a qualquer sítio que fossemos elas cantavam, riam, de braços abertos, parecia que já nos conheciam há muito tempo”, recorda a jovem de 29 anos, que integra aquele movimento católico desde 1993.

A alegria e espírito de abertura da comunidade africana apanharam de surpresa todo o grupo, confrontado também com a “simplicidade” com que as pessoas vivem, “em casas de barro, sem água e eletricidade”.

O município de Kalandula, situado na província do Malange, centro-norte de Angola, herdou o seu nome a partir das quedas de água do Duque de Bragança, consideradas como as maiores do continente africano.

Fundado em 1929, afirmou-se progressivamente como um importante ponto turístico de Angola, cenário que se alterou com a guerra civil entre 1975 e 2002.

Quase 10 anos depois do processo de paz, as gentes locais continuam em busca de um “abrigo seguro”, para retomar as suas vidas, com a ajuda da Congregação dos Missionários do Espírito Santo, da qual fazem parte os JSF.

Para o padre Miguel Ribeiro, missionário espiritano que acompanhou os dez voluntários portugueses a Kalandula, é tempo de voltar a valorizar os recursos naturais da região.

“Não vejo uma grande aposta nessa área e seria uma grande riqueza, porque as pessoas não têm dinheiro, vivem ainda daquelas trocas diretas e Kalandula tem potencial para muito mais”, sublinha.

No meio das dificuldades, o sacerdote acredita que a Igreja Católica tem uma importante palavra a dizer.

“O que podemos dar como sinal àquela gente é, como se diz muitas vezes em África, mostrar-lhes que estamos juntos, que há cristãos preocupados e que eles não são um povo abandonado e esquecido”.

Todos os dias, os voluntários visitavam algumas aldeias do município, sobretudo para acompanhar os mais novos e transmitir-lhes perspetivas de futuro.

Muitas vezes obrigados a alterarem os planos que tinham traçado, devido às limitações com que se tinham de debater no dia a dia – a barreira linguística foi apenas um dos obstáculos – os jovens missionários foram obrigados a “crescer”.

“Costumamos dizer que há uma visão europeia e uma visão africana das coisas e nós fomo-nos adaptando a esta realidade, se calhar mais fraterna, com exemplos mais humanos, tentando a partir daí transmitir a Palavra de Deus”, explica André Alves, de 22 anos.

Chegados a Portugal, os jovens voluntários vão agora ter tempo para “assentar” ideias e “quem sabe” prepararem-se para participar em novos projetos deste género.

PTE/JCP

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