Jovens de Borba em missão em Viana do Alentejo

Grupo «Mensageiros de Maria» organiza orações e encontros, oferece mais vida à liturgia das missas, apresenta peça de teatro e visita população

O grupo Mensageiros de Maria, de Borba, realiza pela sétima vez uma “Missão” durante o período de férias do Verão, tendo escolhido este ano a vila de Viana do Alentejo.

De 24 de Julho a 1 de Agosto, os participantes rezam, visitam casas e lares de idosos, organizam encontros para crianças e jovens, apresentam uma peça de teatro e oferecem mais vivacidade à liturgia das missas.

Os 14 jovens que aderiram à iniciativa, apoiados por uma equipa de duas pessoas dedicada à preparação das refeições, são maioritariamente da cidade de Borba, mas há também quem tenha vindo de Évora, Vila Viçosa, Estremoz e Leiria.

A partida para Viana do Alentejo foi antecedida pela bênção de envio, concedida na missa celebrada a 18 de Julho na igreja matriz de Borba, e, no dia 23, por uma vigília de oração.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o coordenador do grupo, Rui Brinquete, de 27 anos, diz que Viana do Alentejo, sede de um concelho que em 2008 tinha 5700 habitantes, “é uma vila com muita gente idosa”.

Esta percepção é acentuada pelo número de habitações vazias, não só devido às férias mas também porque parte da população estuda ou trabalha fora da localidade.

“Não queremos ensinar nada em especial. Queremos apenas partilhar a nossa fé com a fé da comunidade”, salienta o responsável, acrescentando que o grupo procura “levar a Igreja até à casa das pessoas”, especialmente dos “doentes e de quem está sozinho”.

A reacção ao contacto tem sido geralmente amável: “Ainda há muitos habitantes que não estão por dentro do que está a acontecer esta semana. É uma surpresa quando lhes batemos à porta e dizemos que somos um grupo de jovens”, assinala.

“Temos sido recebidos com simpatia e até agora ninguém nos fechou a porta. Há um ou outro caso de pessoas que, tendo uma fé diferente, não nos acolhem de modo tão afável. Mas no geral recebem-nos bem”, refere Rui Brinquete.

Os primeiros dias são especialmente dedicados a visitar as casas e os dois lares de idosos de Viana do Alentejo, que, à semelhança de Borba, da qual dista 85 km, pertence à Arquidiocese de Évora.

O concelho tem a segunda percentagem mais baixa de casamentos católicos do Alto e Baixo Alentejo: de acordo com dados de 2008 fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística, o número de matrimónios pela Igreja foi de 6,3% (a média nacional ascendeu aos 44,4%).

Há tempo para tudo

Os jovens, que frequentam pelo menos o 8.º ano de escolaridade, comem e dormem no quartel dos bombeiros, enquanto que o “local de trabalho” é a sede dos escuteiros locais, onde improvisaram uma capela.

A seguir à missa, celebrada de manhã com os fiéis da paróquia, o grupo dispersa-se pela vila.

Depois do almoço, os participantes – três dos quais se estreiam na iniciativa – passam as horas de maior calor na preparação da peça de teatro, a executar diversas tarefas e a conviver, regressando às ruas ao final da tarde.

“Vai havendo tempo para um bocadinho de tudo”, afirma Rui Brinquete, referindo que antes do repouso nocturno há sempre uma oração aberta aos jovens de Viana do Alentejo.

A missão é habitualmente acompanhada em permanência pelo pároco de Borba, Pe. Carlos Melo, mas este ano o sacerdote prepara-se para mudar de paróquia, pelo que tem passado menos tempo com os participantes.

A edição de 2010 desta actividade, a que foi dado o nome “Mensageiros em Missão”, conta com um número mais reduzido de participantes em relação a anos anteriores.

Rui Brinquete está convencido que apesar da divulgação nas paróquias de Borba, muitos jovens não se inscrevem “por desconhecimento” do que se vive durante os nove dias da iniciativa e também devido ao “receio” do que possam vir a encontrar.

“Acredito que se alguns deles participassem, haveriam de gostar e até repetiriam”, sublinha o responsável, que desconhece o impacto que as missões têm provocado nas comunidades.

“É sempre difícil avaliar se conseguimos mudar alguma coisa nas paróquias. Acabo por confiar em Deus e acreditar que as sementes que lançamos haverão de ter algum fruto, maior ou menor”, explica.

A nível do grupo Mensageiros de Maria, Rui Brinquete nota que a iniciativa tem proporcionado o reforço da fé e uma maior aproximação à Igreja.

“Apesar de uma ou outra coisa que não corre bem, porque somos muitos e temos de lidar com a maneira de ser dos outros, os testemunhos que tenho recebido são sempre positivos”, garante o responsável.

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