Jornada diocesana confirma «apelos» para o Algarve

O dia amanheceu com muita chuva depois de uma noite em que a água também caiu com abundância, contrariando os planos da diocese do Algarve para a celebração, no passado sábado, da Jornada da Igreja Diocesana no Parque Municipal de Loulé. Como o céu continuava carregado e a chuva teimava em tornar incaracterístico um dia do final do normalmente primaveril mês de Maio foi necessário readaptar a organização do dia e o salão do Centro Paroquial e Social de Loulé, com capacidade para acolher todos os que mesmo assim não quiseram deixar de participar em tão significativo acontecimento para a Igreja algarvia, afigurou-se como o local mais indicado. A pouco e pouco, envergando gabardinas e guarda-chuvas, os grupos lá iam chegando. O salão das paróquias louletanas foi mesmo capaz de abrigar da chuva os muitos participantes da jornada, até porque houve mesmo algumas paróquias que marcaram pela ausência, com os seus membros possivelmente a sentirem algum receio de um dia que mais parecia de Inverno. O Bispo do Algarve, na sua primeira intervenção do dia, começou por convidar os presentes a manterem-se optimistas. “Não vamos deixar que a chuva nos estrague este dia, apesar de todas as contrariedades que ela nos possa trazer”, afirmou D. Manuel Quintas, salientando a finalidade da jornada. “É, antes de mais, para nos conhecermos melhor como família que somos nesta Igreja diocesana do Algarve”, referiu. Depois de os representantes dos serviços diocesanos da pastoral sócio-caritativa, da família, das vocações e da juventude terem subido ao palco para colocarem sobre a parede de fundo uma peças das quatro que formou um rosto de Cristo, representantes de cada uma das seis vigararias apresentaram os seus apelos evangelizadores, extraídos da vivência do presente ano pastoral nas paróquias que as constituem. Sintetizados nos cartazes que afixaram junto à imagem de Cristo, os principais apelos das vigararias foram de seguida salientados pelo Bispo diocesano que os resumiu na sua interpelação conclusiva. A família, as vocações e caridade foram os principais aspectos valorizados, os mesmos que têm sido alvo da atenção da diocese algarvia nos últimos anos, tendo D. Manuel Quintas considerado que eles reflectem não só o percurso deste ano, mas também o desafio em relação ao futuro. “Sabemos que a nossa diocese quer continuar a apostar no tema das vocações, das famílias e da caridade”, dimensão sócio-caritativa que “tem de estar em cada uma das opções pastorais da Igreja”, considerou o Bispo do Algarve. “Só é possível respondermos a estes apelos evangelizadores se nos abrirmos à acção do Espírito. É ele que age em nós. Podemos ter muitas capacidades mas sem Ele nada conseguimos”, apontou ainda o Prelado. D. Manuel Quintas, que manifestou a sua alegria “pelo grande número de jovens” presente, explicou a razão do seu regozijo. “Pedimos a presença dos jovens porque precisamos deles nas nossas celebrações. Particularmente no dia da nossa Igreja diocesana, celebrado na véspera de Pentecostes, sentimo-nos todos rejuvenescidos no Espírito e com os jovens presentes, sentimos também mais força para olhar para o futuro com optimismo”, justificou. Visivelmente agradado com a presença da juventude, o Bispo do Algarve destacou a experiência evidenciada pela vigararia de Albufeira da passagem da Cruz das Jornadas Diocesanas da Juventude por cada uma das suas paróquias e lembrou que os jovens são “sentinelas da manhã que anunciam Cristo às novas gerações, aos seus coetâneos, aos seus colegas”. “O dever do anúncio do Evangelho, essa presença de Cristo, incumbe a todos e é uma urgência da nossa diocese que importa manifestar com um dinamismo renovado no mundo de hoje”, acrescentou o Prelado. E foi precisamente aos jovens que coube o último momento da manhã, dinamizado pelo Sector Diocesano da Pastoral Juvenil. Fez-se então memória de algumas das principais actividades destinadas aos jovens, realizadas no decurso deste ano pastoral, valorizando-se a apresentação de alguns testemunhos, intercalados com a actuação do grupo musical ‘Laudate’ que ajudou a fazer festa. Os lenços das cores de cada vigararia agiram-se no ar, manifestando o colorido formado pela diversidade que constitui uma diocese. Mais tarde, depois do almoço partilhado a hora voltou a ser da juventude com alguns grupos de diversas paróquias a animarem os momentos que antecederam a ida até ao santuário de Nossa Senhora da Piedade (Mãe Soberana). Com a chuva a manter-se foi impossível realizar-se a peregrinação prevista com os momentos de evocação dos dons do Espírito Santo. A maioria dos participantes deslocou-se então de carro para o santuário mariano, onde se antecipou a realização da Eucaristia prevista só para as 17 horas. Tendo começado com a apresentação dos dons do Espírito realizadas pelas diversas vigararias e pelo Secretariado Diocesano da Pastoral da Família, a celebração eucarística procurou levar os cristãos algarvios a dar graças a Deus pelo dom da Igreja que constituem. D. Manuel Quintas, que presidiu à Eucaristia, exortou os presentes a partilharem os seus “anseios”, “projectos”, “apelos evangélicos”, “alegria” e “esperança”. Procurando que cada um acolha as interpelações dirigidas pelo Espírito Santo em véspera de Pentecostes, o Bispo diocesano interrogou: “permanecemos realmente em atitude de disponibilidade e docilidade ao Espírito Santo? Pomos ao serviço do bem comum, a partir da própria comunidade paroquial, os dons que o Espírito Santo nos dá? Empenhamo-nos em edificar comunidades vivas, fraternas e imbuídas de espírito missionário? Deixamo-nos conduzir pelo espírito de modo que redescubramos, sempre mais em Cristo, a nossa identidade e a nossa missão? Colaboramos de modo corresponsável e participativo na promoção da pastoral das vocações, da família e da caridade?”. “O mundo, apesar de todos os obstáculos e de todas as oposições ao Evangelho, espera o anúncio de Cristo acompanhado do nosso testemunho tal como na manhã de Pentecostes”, lembrou D. Manuel Quintas, advertindo a que “não deixemos que qualquer tipo de medo tome conta de nós”. “Deixemos sim, que a ousadia do Espírito os transforme em serviço ao Evangelho e aos outros. Não deixemos que nenhumas das nossas portas fique fechada, de modo que possamos sair de nós mesmos, dos nossos egoísmos e comodidades e ir ao encontro dos outros”, frisou. De 6 para 4 vigararias Já no final da Eucaristia, o Bispo do Algarve informou que a estrutura da diocese irá sofrer uma alteração passando de seis para quatro vigararias. Assim sendo as vigararias de Lagos e Portimão e de Albufeira e Loulé/São Brás de Alportel juntar-se-ão de forma a constituirem apenas duas vigararias. D. Manuel Quintas justificou esta supressão de duas vigararias com a diminuição do número de sacerdotes e considerou que com a nova estruturação aquelas áreas da diocese ficam mais enriquecidas. “É muito difícil, porque são poucos os padres, levar para a frente certas iniciativas, programas pastorais e projectos”, afirmou, garantindo que a decisão surgiu depois de alguma “reflexão e recolha de opiniões” feita durante o ano. O Bispo diocesano considerou ainda que as duas vigararias alargadas ficarão “com mais elementos, o que não quer dizer que pontualmente e de acordo com determinadas iniciativas pastorais, não possam subdividir-se em grupos ou em unidades pastorais”. Samuel Mendonça

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