Jorge Bergoglio, de técnico químico a Papa

Francisco I, até agora arcebispo de Buenos Aires, de 76 anos, é primeiro pontífice jesuíta e do continente americano

Cidade do Vaticano, 13 mar 2013 (Ecclesia) – O cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, era até hoje arcebispo de Buenos Aires e tornou-se no primeiro Papa do continente americano, escolhendo também o inédito nome de Francisco.

O religioso é também o primeiro jesuíta a ser eleito como bispo de Roma, sucedendo a Bento XVI após um Conclave de dois dias e cinco escrutínios.

Jorge Mario Bergoglio nasceu na capital da Argentina a 17 de dezembro de 1936, filho de emigrantes italianos, e trabalhou como técnico químico antes de se decidir pelo sacerdócio, no seio da Companhia de Jesus (jesuítas), licenciando-se em filosofia antes do curso teológico.

Ordenado padre a 13 de dezembro de 1969, foi responsável pela formação dos novos jesuítas e depois provincial dos religiosos na Argentina (1973-1979).

João Paulo II nomeou-o bispo auxiliar de Buenos Aires em 1992 e foi ordenado bispo a 27 de junho desse ano, assumindo a liderança da diocese a 28 de fevereiro de 1998, após a morte do cardeal Quarracino.

O primaz da Argentina seria criado cardeal pelo Papa polaco a 21 de fevereiro de 2001, ano no qual foi relator da 10ª assembleia do Sínodo dos Bispos.

Presente na V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, em 2007, evento inaugurado por Bento XVI, o então presidente da Conferência Episcopal Argentina realçou a presença do Espírito Santo nesse momento eclesial, que deveria inspirar em todos os batizados o apelo a constituir “uma Igreja missionária, adoradora e transformadora”.

A Rádio Vaticano apresenta o novo Papa como “pastor das pessoas pobres, voz do que não têm voz, rosto dos que não têm rosto”, que confessa na Catedral como um “padre normal” e não tem medo, enquanto bispo e cardeal, de se “confrontar com as instituições quando tem de de defender a dignidade humana”.

“O Papa Francisco testemunha  a sua simplicidade evangélica, em todas as ocasiões e em todos os lugares”, refere a emissora, segundo a qual na base da “experiência cristã” do sucessor de Bento XVI, um “homem de profunda espiritualidade” está o “espanto do encontro com Jesus”.

A imprensa internacional destaca o perfil simples de um cardeal que andava de transportes públicos e cozinhava as suas refeições; o Papa Bergoglio é conhecido ainda por ter ajudado a modernizar a Igreja Católica na Argentina e pela sua influência teológica na América Latina, onde reside a maior percentagem de católicos no mundo.

A agência AICA, da Conferência Episcopal Argentina, lembra um bispo que colocou a arquidiocese de Buenos Aires em “estado de missão” e a levou a sair ao encontro “dos mais necessitados”.

Jorge Bergoglio foi afetado por uma grave doença, aos 21 anos, que levou à remoção de parte do pulmão direito.

O novo Papa é apresentado como “ex-basquetebolista, aficionado do tango”, “entusiasta pelos filmes de Tita Merello” (nome artístico da argentina Laura Ana Merello, 1904-2002), do “neorrealismo italiano” e simpatizante do San Lorenzo, equipa de futebol fundada por um padre.

Como presidente da Conferência Episcopal Argentina, entre 2005 e 2011, criticou a corrupção e a situação do país, falando em “escravidão”.

Tem como lema episcopal ‘Miserando atque eligendo’, frase que evoca uma passagem do Evangelho segundo São Mateus: “olhou-o com misericórdia e escolheu-o”. 

OC

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