João Paulo II: «Um coração universal»

Padre Manuel Morujão, porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, recorda exemplo de vida do Papa que será beatificado no próximo domingo

Lisboa, 29 abr 2011 (Ecclesia) – O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) recorda João Paulo II como uma figura “simples” mas que, pela sua “profunda interioridade”, conseguia tocar a todos com o seu testemunho de Deus.

Em declarações ao Programa da Igreja Católica, esta quinta-feira, na Antena 1, o padre Manuel Morujão destaca um Papa que, ao longo do seu pontificado (1978 – 2005), foi ouvido “por gente da direita e da esquerda, por democratas e ditadores, por ateus e representantes de diversas religiões”.

“Isto demonstra que foi um coração universal, tinha uma palavra para todos, respeitosa, que acolhia os valores das culturas que visitava, e por isso é alguém que merece ser colocado como modelo” sustenta o sacerdote.

O secretário da CEP aponta ainda para o “realismo de vida” que também “dá verdade à santidade” de Karol Wojtyła, nascido na Polónia em 1920, no seio de uma sociedade marcada pelas agruras da Primeira Guerra Mundial.

Ele próprio conviveria, na sua juventude, com a invasão das tropas alemãs e russas, durante a Segunda Guerra Mundial, e com os campos de concentração nazi construídos em território polaco.

[[a,d,2038,(emissão 28-04-2011) ]]

“Viveu as vicissitudes de qualquer cidadão, o que lhe dá um estatuto particular porque viveu grandes dificuldades. Não teve um berço de ouro nem viveu um mar de rosas” refere o sacerdote jesuíta, para quem estas experiências moldaram o modo como João Paulo II contribuiu para a paz em diversos países, sendo um “profeta que levantava a sua voz para defender os mais fracos”.

Tendo tido oportunidade de acompanhar, no Vaticano, os últimos dias de vida de João Paulo II, em 2005, quando o Papa já estava limitado pela doença de Parkinson, o padre Morujão diz que aquilo que mais o impressionou foi “um homem que aceitava a doença, não se eximia de mostrar que era velho e doente”, em que “a sua limitação assumida era uma força”.

Uma força que depois continuava a falar ao coração das outras pessoas que “abeiravam-se dele” e “sentiam que era uma pessoa de família que estava mal”.

O Papa João Paulo II vai ser beatificado no próximo domingo, dia 1 de maio, no Vaticano, uma cerimónia para a qual são esperadas várias centenas de milhares de pessoas.

A beatificação foi anunciada a 14 de janeiro, depois da publicação do decreto que comprovava um milagre atribuído à intercessão de Karol Wojtyla, relativo à cura da religiosa francesa Marie Simon-Pierre, que sofria da doença de Parkinson.

O Vaticano já escolheu o dia 22 de outubro para a celebração da memória litúrgica do futuro beato, data da missa de início do pontificado do Papa polaco, e vai permitir que, no primeiro ano após a beatificação, seja possível celebrar uma “missa de agradecimento a Deus” em locais e dias “significativos”, por decisão de cada bispo diocesano.

 

PRE/JCP

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