JMJ Lisboa 2023: «Papa Francisco é muito importante para geração de jovens, porque valida a nossa fé» e as incertezas do caminho – Maria Branco Machado

Jovem de 18 anos viveu a angústia de não saber o que escolher para o seu futuro e decidiu respirar um ano na Roménia, num programa de voluntariado, que lhe deu «mundo» e diferentes formas de assumir e viver a fé

Foto: Agência ECCLESIA/LS

Lisboa, 13 set 2023 (Ecclesia) – Maria Branco Machado, uma jovem de 18 anos participante na Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, disse que Francisco “é um Papa muito importante” para a atual geração, porque valida os jovens “na fé” e nas incertezas.

“O Papa Francisco é um Papa tão importante para a nossa geração. Ele percebe a dificuldade que é nascer neste mundo que já está um pouco condenado, por causa das alterações climáticas e outros problemas que a sociedade tem. Somos uma geração que nasce neste mundo, que já sabe os problemas que tem e, às vezes, isso assusta-nos muito. Ter a informação na ponta dos dedos é assustador. E o Papa Francisco percebe o que é ser jovem na sociedade de hoje, com os seus 86 anos. Ele sabe o que dizer para nos sentirmos validados na fé”, explica à Agência ECCLESIA.

A iniciar o seu percurso académico na Universidade de Aveiro, onde vai estudar Ciências Biomédicas, Maria Branco Machado recorda o encontro que marcou o mês de agosto, e que juntou cerca de milhão e meio de participantes, mostrando que “a fé é a mesma, mas a forma de a viver é diferente”.

“Senti que estávamos todos juntos, independentemente de pequenas diferenças, era possível estarmos juntos”, assinala.

Sinto que o «todos, todos, todos» era para quem se sente rejeitado pela fé. A Igreja tem preconceitos que afastam as pessoas da fé. Há muitos que se afastam porque deixam de acreditar, mas outros sentem que não podem fazer parte da Igreja e tendo fé, sentem que não estão autorizados a tê-la. Penso que o Papa Francisco se dirigia às pessoas que se sentem afastadas de Deus, sem perceber que Deus ama todos, independentemente de quem somos e do que fazemos. Ele só quer que nos amemos”.

Maria Branco Machado assume, desde cedo, a importância da fé na sua vida: depois de fazer a Primeira Comunhão, pedia aos pais para ir diariamente à missa e elegia a música como um caminho que a ligava a Deus.

“Sempre tive uma relação muito próxima com Deus. Nunca fui muito de ter uma conversa formal – quando o queria fazer, sentia que bastava fechar os olhos e sentia um amigo ao meu lado. Quando fiz a primeira comunhão, comecei a sentir que, estando na igreja a ouvir a homilia, as leituras e a cantar, estava também sozinha com Deus ali ao meu lado. Nessa altura, sentia-me muito bem na igreja nesses momentos com Ele”, recorda.

Hoje, sentindo que a fé é algo “dinâmico”, a jovem explica que o seu mundo espiritual se vai abrindo no contacto com outros, que percorrem ou são herdeiros de caminhos diferentes, e que a sua vida “vai estar sempre ligada a Jesus e a Deus”.

Hoje encontro sentido na fé falando também com outras pessoas e caminhos. Temos sempre dúvidas, mas sinto que já passei por uma fase de dúvidas e encontrei respostas para a fé. Independentemente do que venha a acontecer, sinto-me ligada a Jesus e a Deus para sempre. Faz parte de quem eu sou, foi assim que fui criada. Mas não julgo as pessoas que estão ausentes ou ligadas a outro Deus; não acho que eu tenha de as trazer para o meu Deus, porque desde que não se magoem a si ou a outros, a fé guia-as, e a fé é algo dinâmico”.

Maria Branco Machado participou durante um ano num programa de voluntariado europeu, na Roménia, financiado pela União Europeia, do Corpo Europeu de Solidariedade, que integra o programa Erasmus, e que permite que jovens dos 18 aos 30 anos, se inscrevam para um tempo de voluntariado, no seu país ou fora, em diferentes projetos e temas de atuação.

A jovem portuguesa integrou o projeto «Correr pelo desporto, correr pela solidariedade» com o objetivo de levar o desporto e a vida saudável aos jovens na cidade romena de Drăgășani.

“Era uma oportunidade para eu respirar mas para desafiar as minhas ansiedades. Eu sabia que era algo que eu precisava”, indica, recordando o tempo de ansiedade que a pandemia do Covid-19 lhe provocou e o caminho que realizou para ultrapassar essa dificuldade.

Apesar de o projeto não ter corrido como esperado, Maria não desistiu: “Acabei por ter outras experiências, conheci muitas pessoas diferentes, viajei muito e cresci. Tenho uma visão do mundo completamente diferente”.

Se antes de partir para a Roménia, a ansiedade e a incerteza de um caminho a seguir marcava a sua vida, hoje Maria Branco Machado está a iniciar os estudos, em Aveiro, em Ciências Biomédicas.

“Ninguém sabe aos 18 anos o que quer ser, e esse não é o maior problema que eu vou ter na minha vida. Interessa que agora vou estudar algo que, penso, irei gostar e depois, logo se vê. O ano que passei na Roménia, ofereceu-me o «viver agora», sem planear todos os momentos da minha vida, porque, no final, vai tudo correr diferente. Interessa que esteja agora feliz, sem me magoar a mim ou a outros”, finaliza.

A conversa com Maria Branco Machado pode ser acompanhada esta noite no programa ECCLESIA na Antena 1, pouco depois da meia-noite, e escutada posteriormente no portal de informação ou no podcast ‘Alarga a tua tenda‘.

LS

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