JMJ Lisboa 2023: «Os números dizem-nos que há uma reação positiva dos jovens do mundo inteiro», afirma D. Américo Aguiar

Coordenador geral da jornada garante «transparência total» nas contas, diz que o orçamento de 2023 vai indicar o que fica a cargo da organização e reafirma que a APAV é o «interlocutor certo» diante de possíveis casos de abuso. 

Lisboa 2023, 01 jan 2023 (Ecclesia) – O presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 disse que o número de inscrições na Jornada Mundial da Juventude ultrapassou os 300 mil, o que sinaliza a “reação positiva dos jovens do mundo inteiro”.

“Os números dizem-nos que há uma reação positiva dos jovens do mundo inteiro, e isso é que é importante sinalizar, até comparando com o histórico das outras Jornadas”, afirmou D. Américo Aguiar em entrevista à Renascença e à Agência ECCLESIA, gravada nas proximidades do Natal.

O coordenador geral da JMJ que vai decorrer em Portugal, entre os dias 1 e 6 de agosto, referiu que o número de inscrições já está “dentro da fasquia dos 300 mil”, alertando para a “montanha russa” previsível no evoluir do número de inscritos.

“O histórico das inscrições é como uma montanha russa: até 31 de dezembro houve um pico, que depois para, na Páscoa há um novo pico que depois para, e na reta final do Verão, ataca outra vez”, afirmou.

D. Américo Aguiar lembrou que “incerteza é a palavra” que marca a organização da jornada “desde a primeira hora”, primeiro prevista para 2022 e depois remarcada para 2023, referindo que “tudo se tem reajustado”, apesar de condicionar a “possibilidade de antecipar os cenários”, nomeadamente quando ao número de jovens presentes.

Se o verão de 2023 for um verão sem problemas económicos, sem problemas de guerra, estou convencido que a jornada de Lisboa será das mais concorridas de sempre… Agora, se a guerra, infelizmente, continuar e se se complicar se a economia tiver evoluções muito negativas, é óbvio que a jornada se vai readaptando a esses cenários”.

Para o presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 “não há outro encontro” com a dimensão da Jornada Mundial da Juventude, que terá “um único pórtico para todos entrarem”, reunindo “pessoas oriundas de tantos países e de tantas circunstâncias” com o mesmo objetivo, afirmando que o encontro de Lisboa vai ser um “separador de águas”.

O Papa tem dito que a jornada de Lisboa pode ser – eu acho interessante a expressão que não é muito nossa – um separador de águas, um antes e um depois. E nós estamos a trabalhar para que isso possa acontecer”.

D. Américo Aguiar disse que a “jornada de Lisboa vai tentar fazer as suas inovações”, nomeadamente na escuta dos jovens no períodos de catequeses, para responder ao pedido do Papa para que “tudo seja novo” e a consciência de que “qualquer alteração tem as suas dificuldades”.

Questionado sobre as repercussões do estudo em curso na Igreja Católica em Portugal sobre casos de abusos sexual, D. Américo garantiu que o caminho que está a ser feito “só pode ter consequências positivas na Jornada”, porque “o que está a ser feito é o certo”.

Vamos aguardar serenamente a entrega do relatório da Comissão e a partir daí o presidente da CEP e os bispos diocesanos irão pronunciar-se sobre esse relatório e os caminhos a percorrer no futuro”.

D. Américo Aguiar referiu-se também à parceria com a APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima), a nível do Patriarcado de Lisboa e da organização da JMJ Lisboa 2023, para prevenir e atuar diante de possíveis casos de abuso.

“A APAV é o nosso interlocutor certo”, disse o bispo auxiliar de Lisboa, confiando no trabalho da associação para proteger possíveis vítimas, não “exclusivamente de abusos no âmbito da sexualidade”.

“Uma das coisas que queremos garantir, através da APAV, é que possa ser um dos pontos de indicação a dar para quem quiser continuar a ter alguém como interlocutor nessas mesmas denúncias”, afirmou D. Américo Aguiar a respeito do protocolo que o Patriarcado de Lisboa vai estabelecer com a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima.

Sobre os custos da JMJ Lisboa 2023, o coordenador geral garantiu “transparência total”, disse que depois de fechar o orçamento de 2023 vai ser possível saber o que fica a cargo da organização, dependente do número de participantes, e que está diretamente relacionado com o acolhimento aos peregrinos, nomeadamente “alimentação, alojamento, transportes, seguros, os conteúdos e os eventos”.

D. Américo Aguiar reafirmou que “nenhum jovem paga para participar na jornada”, sendo o valor pago à organização para os serviços de acolhimento de cada participante.

No cálculo que fizemos, o valor é quase igual ao das jornadas do Panamá, de 2019. Arriscámos esse esforço, agora temos que rezar à ‘santa inflação’, para que não nos cause grandes transtornos na execução do orçamento”.

O presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 apelou às famílias das dioceses de Lisboa, Santarém e Setúbal para acolherem jovens nas suas casas, uma vez que “a identidade da JMJ é o acolhimento em famílias”, garantindo que “são precisos dois metros quadrados, porque os jovens levam saco cama, casa de banho para higiene pessoal e pequeno almoço”.

Não tenham medo, porque é das experiências mais valorizadas pelos jovens e também pelas famílias que arriscam a abrir a porta da família e do coração”.

Na entrevista semanal da Renascença e Agência ECCLESIA, o presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 referiu-se também ao “medo de sonhar” que decorre do tempo da pandemia, disse que a solidariedade é “uma marca da juventude hoje” e lembrou que “ninguém se salva sozinho”, também na organização de uma Jornada Mundial da Juventude.

O caminho que estamos a fazer é, de facto, juntos”, afirmou.

(Entrevista conduzida por Ângela Roque, da Renascença, e Paulo Rocha, da Agência Ecclesia)

PR

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Agência ECCLESIA

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