D. José Cordeiro lançou o convite à Paróquia de Santa Cecília de Ocua e o processo desenvolveu-se com a ajuda da Arquidiocese minhota
Braga, 29 jun 2023 (Ecclesia) – Dois jovens da Diocese de Pemba, em Moçambique, vão cumprir o sonho de participar na JMJ Lisboa 2023, com a ajuda da Arquidiocese de Braga, que mantém um acordo de cooperação e assume a Paróquia de Santa Cecília de Ocua, no país africano.
“Quando estive em Moçambique, na Paróquia de Ocua, que está confiada à Arquidiocese, lançamos o desafio de Braga poder convidar dois jovens da paróquia, custeando as despesas, para criar maior relação de amizade e proximidade. Conseguimos, virão o David e a Esménia”, disse D. José Cordeiro, arcebispo de Braga, em declarações à Agência ECCLESIA.
Esménia Manuel, de 20 anos, e David Raimundo, de 21 anos são acólitos, leitores e pertencem ao grupo de jovens da Paróquia de Santa Cecília de Ocua.
A particularidade da Esménia é ela ser filha do chefe de aldeia, que é muçulmano, mas pela boa relação, que existe entre muçulmanos e católicos, ela é católica, criou-se uma amizade e proximidade que é um sonho de Deus”.
Para D. José Cordeiro a “ligação com Ocua é muito profunda, vai para além da língua”, e, acredita que com esta vinda dos dois jovens se “inaugura um tempo novo”.
“Os missionários de cá e os que vêm de lá, inauguramos um tempo novo, também a ligação com o bispo, presbitério e os leigos missionários, esta atitude de espiritualidade e de fraternidade, e a JMJ foi mais uma oportunidade de concretizar este sonho”, afirmou.
Sara Poças, diretora do Centro Missionário da Arquidiocese de Braga, contou à Agência ECCLESIA que “David é professor do ensino primário numa aldeia do interior da paróquia de Ocua e a Esménia vai entrar este ano de 2023 em Enfermagem, no Instituto Politécnico Messalo, em Pemba”.
“São estes os jovens que vêm porque aqui contam outras questões como por exemplo falarem fluentemente português porque senão seria difícil fazer toda a viagem; estamos a falar de Ocua, no contexto rural, uma missão no interior da província e diocese de Pemba, onde muitos dos jovens têm dificuldade na língua portuguesa”, descreve.
A responsável reforça que Ocua, a “paróquia 552 da Arquidiocese de Braga, como lhe chamam”, não poderia ficar de fora da JMJ e a “ousadia do convite do D. José” tornou possível.
“Os ecos que nos chegam pela equipa missionária é que os dois jovens estão muito entusiasmados com todo o processo, que tudo é novo, desde a parte burocrática, passaporte e documentos, e depois participar num encontro mundial e terem esse privilégio”, assinala.
Sara Poças conta ainda que David e Esménia vão passar os ‘Dias na Diocese’, a semana que antecede a JMJ, na Arquidiocese de Braga, “onde podem perceber o contexto” e vão rever “pessoas que já estiveram em missão em Ocua”.
“Em breve vão fazer uma preparação na paróquia de Ocua e têm o compromisso de, quando regressarem, irão falar e devolver o que viveram em Portugal e na JMJ”, aponta.
O padre Manuel Faria, sacerdote em missão na Paróquia de Ocua, acompanha os jovens na preparação para a JMJ Lisboa 2023 e referiu em declarações à Agência ECCLESIA que a “parte burocrática foi muito difícil”.
“Estes dois jovens disseram sim, como Maria, selecionámos estes dois jovens que vão representar a missão, depois da alegria e deslumbramento inicial, tivemos contacto com os pais, como base de apoio, com a própria paróquia e tratar de toda a parte burocrática foi o mais difícil”, descreve.
O sacerdote em missão em Ocua, Moçambique, refere que “estão longe de tudo e tirar passaporte, visto e tomar vacinas foi difícil”, depois teve de haver “a consciência do que vai ser a JMJ”.
“Estamos na fase de reunir os jovens de Ocua, num grande encontro, faremos o envio do David e da Esménia e queremos que regressem com a ousadia de evangelizar outros jovens”, indica.
A entrevista integra o programa de rádio ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública, no próximo sábado, pelas 06h00, ficando depois disponível online e em podcast.
PR/SN