Jesuítas elegem novo Superior Geral

35ª Congregação da história da Congregação iniciada esta Segunda-feira, em Roma. Futuro da Sociedade de Jesus em debate num encontro histórico Iniciou-se hoje, 7 de Janeiro, a 35ª Congregação Geral da Companhia de Jesus, que junta em Roma 225 delegados de todo o mundo para eleger o sucessor do Pe. Peter-Hans Kolvenbach e analisar as linhas de acção dos Jesuítas que se abrem na actual situação da Igreja e na conjuntura internacional. A eleição do novo Superior (Prepósito) Geral é feita a pedido do Prepósito cessante, dado que em 2006 o Pe. Kolvenbach anunciou a sua decisão – após ter obtido o consentimento do Papa – de convocar a 35ª Congregação Geral e renunciar ao cargo. Em 1983, quando o Pe. Kolvenbach foi eleito para suceder a Pedro Arrupe, este tinha resignado, com consentimento de João Paulo II, por causa de uma doença que o incapacitava de governar a Sociedade de Jesus. Desta vez o caso é diferente: o Pe. Kolvenbach, quase com 80 anos, considera que a Companhia de Jesus precisa de um Geral mais novo e com mais energia. Segundo as Constituições dos Jesuítas, o cargo de Prepósito-Geral é vitalício e só há eleição em caso de falecimento, por doença grave ou se o Prepósito-Geral, em consciência, considerar que deve renunciar. Além da escolha do novo Geral, a Congregação “é soberana para analisar a actualização da missão da Companhia”, desde a sua acção no campo da educação às tarefas intelectuais e de reflexão teológica. A renúncia de Kolvenbach e a eleição do seu sucessor vai ocupar a primeira parte dos trabalhos, podendo ser conhecido o nome do novo Geral no dia 18 ou 19 de Janeiro, após quatro dias de oração, durante os quais os votantes estão sujeitos a um isolamento total, devendo entregar até os seus telemóveis, para que não haja comunicações externas. Os 216 delegados com direito de voto poderão eleger o sucessor do Geral da Companhia de Jesus através do voto electrónico. O Padre Provincial, Nuno da Silva Gonçalves, e o Padre Carlos Carneiro são os dois enviados pela Província Portuguesa à 35.ª Congregação Geral. Todos os rituais da nomeação seguem a normas ditadas por Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus. O nome do eleito, que deve receber mais de metade dos votos, será divulgado pelos Jesuítas, após uma comunicação telefónica com Bento XVI. A 21 de Fevereiro, o Papa receberá em audiência os membros da 35.ª Congregação Geral. A Ordem fundada por Santo Inácio, uma das mais respeitadas e admiradas na Igreja Católica, conta hoje com quase 20 mil religiosos em mais de 100 países de todo o mundo. Em 1965, contudo, esse número chegava a 30 mil e trezentos religiosos. Esta manhã, na homilia da Missa inaugural, o Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Cardeal Franc Rodé, chamou a atenção dos Jesuítas para o empenho no sentido de apresentar aos fiéis e ao mundo “a autêntica verdade revelada na Escritura e na tradição”, e de superar “a separação cada vez mais crescente entre fé e cultura”. “Vejo com tristeza e inquietação – disse na homilia o Cardeal Rodé – que vai decaindo sensivelmente também nalguns membros das famílias religiosas o ‘sentire cum Ecclesiae’. O amor à Igreja em toda a extensão desta palavra, seja Igreja povo de Deus seja igreja hierárquica é um amor fundado na fé, e o amor á Igreja pressupõe a fé na Igreja”. Após esta Missa, teve lugar a veneração das relíquias de Inácio de Loyola e acendeu-se uma lamparina, que irá arder durante todo o tempo dos trabalhos da Congregação. Um pouco por todo o mundo, o mesmo gesto será feito nas casas da Companhia de Jesus, como símbolo da oração contínua pelo sucesso dos trabalhos. Esta primeira fase da Congregação (cerca de 10 dias) é considerada privada e a informação sobre o seu desenrolar será mínima. Os Jesuítas oferecem uma página específica sobre o evento em www.sjweb.info/35 Após a eleição do novo Geral, haverá comunicados de imprensa diários. A Congregação Geral é o órgão de governo mais importante na Sociedade de Jesus. Compete à Congregação fixar a data do fim das deliberações. Em 1983, após a eleição do Pe. Kolvenbach, por exemplo, a sessão continuou aberta por 54 dias.

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