Jerusalém: Reforma litúrgica chega depois de várias décadas ao Santo Sepulcro

Jerusalém, 05 abr 2012 (Ecclesia) – O Tríduo Pascal é celebrado este ano, pela primeira vez, na Basílica do Santo Sepulcro de Jerusalém, com um ritual de acordo com o espírito da reforma litúrgica da Igreja Católica, aprovado pelo Vaticano.

As celebrações estão a ser acompanhadas pelo sacerdote português José Nuno Silva, que relata para a Agência ECCLESIA a Semana Santa na cidade onde Jesus morreu.

O sacerdote revela que o Ritual da Semana Santa do Santo Sepulcro, que vinha sendo utilizado à experiência, desde 1997, recebeu a aprovação definitiva da Santa Sé em outubro de 2011.

Esta decisão vem colocar um ponto final na problemática colocada pelo chamado ‘Statu Quo’, documento foi imposto pelo Império Otomano em 1852, consagrando a situação que vigorava na Basílica desde 1767: a posse dos espaços, o horário e a duração das celebrações, o itinerário das procissões e como se devem fazer, o uso de incenso, as leituras e o canto – impossibilitando, por exemplo, o uso de instalações sonoras.

“Ao longo dos séculos, nunca foi possível separar a vida deste Santuário dos acontecimentos da história mundial e, nomeadamente, da instabilidade política que a Cidade de Jerusalém sempre conheceu. Os Estados imiscuíram-se frequentemente, por iniciativa própria ou a pedido das diversas Igrejas presentes no Santuário”, refere o padre José Nuno.

No local onde se acredita que Jesus terá sido sepultado, após a crucifixão, existem representantes da Igreja Católica, da Igreja Ortodoxa Grega, Arménios, Coptas e Sírios, cujas relações têm sido marcadas por várias disputas, nomeadamente territoriais.

Os horários determinados pelo ‘Statu Quo’ obriga a que as celebrações principais do Tríduo Pascal sejam feitas pela manhã: no Sábado Santo, será celebrada a Vigília Pascal logo às 08h00 e hoje, Quinta-Feira Santa, juntaram-se numa mesma celebração elementos da Missa Crismal – como a renovação das promessas sacerdotais e a bênção dos óleos – e da Ceia do Senhor, concretamente o lava-pés e a procissão eucarística.

O trabalho desenvolvido a partir de 1986 por uma comissão litúrgica da Custódia Franciscana da Terra Santa, que contou com a colaboração de especialistas da Congregação para o Culto Divino e um delegado apostólico do Patriarcado Latino de Jerusalém, elaborou novos rituais que “proporcionam uma experiência celebrativa atualizada, espiritualmente rica e liturgicamente bela”, assinala o sacerdote português.

As crónicas de Jerusalém do padre José Nuno Silva podem ser seguidas no blogue http://aquelesdiasaqui.ecclesia.pt.

JNS/OC

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