Irmãs salesianas assumem Colégio no Algarve

Ao cabo de 76 anos de dedicação à Igreja algarvia, primeiramente em Monchique, no Colégio de Santa Catarina, e, nos últimos 52 anos, em Faro, no Colégio de Nossa Senhora do Alto, as irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição (FHIC) irão, no início do próximo ano lectivo, passar o testemunho da gestão daquela instituição e sobretudo da formação de muitas gerações, de crianças e jovens, a uma comunidade de irmãs Filhas de Maria Auxiliadora (FMA), conhecidas como salesianas. O anúncio foi feito, no passado sábado, pelo Bispo do Algarve no contexto da assembleia plenária do Conselho de Pastoral da Diocese do Algarve. D. Manuel Neto Quintas garantiu ter sido informado da intenção das religiosas um mês depois de tomar posse da diocese algarvia e ressalva a sua disponibilidade desde então para apoiar a fase de transição que acabou por se estender pelos últimos três anos. Ao longo deste tempo, o Bispo diocesano procurou encontrar uma congregação que assumisse o projecto, uma missão que não se revelou nada fácil. Tanto D. Manuel Quintas, como o próprio director do colégio, o padre Carlos César Chantre, garantem que “foi difícil”. “Pensávamos que a transição pudesse ter sido resolvida mais depressa, mas é sempre difícil assumir uma obra destas nos dias de hoje”, confessa D. Manuel Quintas, garantindo que “nunca esteve no horizonte da diocese fechar o colégio”. O Bispo do Algarve explica que “esta é uma obra muito importante para a realização da missão da Igreja diocesana no Algarve”. Destacando sua a importância no contexto da sociedade algarvia, o Prelado realça que esta “é a única escola católica particular que existe em todo o Algarve”. Constatando o interesse dos pais no colégio para a educação e formação dos seus filhos, D. Manuel Quintas confessa ter sido esse o factor que o empenhou, conjuntamente com o padre Carlos César Chantre, na procura da “melhor solução”. Tendo presente essa “exigência que a sociedade algarvia faz à Igreja”, D. Manuel Quintas, entende que a manutenção do colégio faz a diocese algarvia “ficar mais rica”. O padre César Chantre explicou que a saída das as irmãs FHIC se deve a “necessidades de reorganização interna da congregação”. “A congregação entendeu por bem que no Algarve só ficasse uma comunidade, sedeada em Olhão, e a do Colégio do Alto fosse encerrada para melhor servir outras comunidades espalhadas pelo País, em colégios da própria congregação”, justificou, acrescentando que “com a diminuição das vocações no últimos anos, a congregação entende que deve reforçar as casas, propriedade das irmãs, não obstante a nossa tristeza em ver partir uma congregação que tanto deu a esta diocese”. Sobre a entrada das irmãs FMA, o director do colégio, avançou que “deverão ser quatro religiosas”. A comunidade que virá para o colégio poderá ou não incluir algumas consagradas das que estão há vários anos a trabalhar em Paderne. O padre César Chantre, também pároco daquela comunidade paroquial, adiantou à FOLHA DO DOMINGO que a provincial das salesianas ainda não o terá informado da constituição da nova comunidade do Colégio do Alto. D. Manuel Quintas agradado com a solução encontrada recorda que “o carisma das irmãs salesianas tem a ver também com a juventude” e refere que “dos restantes institutos presentes no Algarve era o mais indicado para assumir esta obra”. O padre César Chantre lembra também que “o carisma próprio das irmãs salesianas é uma educação preventiva, no seguimento das orientações de São João Bosco”. O Bispo diocesano manifestou ainda “reconhecimento pela disponibilidade e generosidade que as irmãs salesianas revelaram em assumir a obra”, reconhecendo os “desafios” que isso traz ao próprio instituto, sabendo igualmente que dessa forma vêm “ao encontro de uma necessidade da diocese do Algarve”. Nesta hora de mudança, D. Manuel Quintas, em relação às irmãs FHCI, garante ainda que a Igreja algarvia “olha com gratidão para este instituto que se responsabilizou por esta obra durante tantos anos”. Colégio de “boa saúde” Actualmente o Colégio de Nossa Senhora do Alto conta com mais de 320 alunos, rapazes e raparigas, desde o Jardim Infantil, até ao 9º ano de escolaridade. O padre César Chantre assegura que o colégio da Igreja algarvia é visto como “um dos melhores do Algarve” pelas entidades competentes e garante que “os pedidos de ingresso continuam a ser imensos, havendo muitos interessados que acabam por ficar de fora por não terem vagas para entrar”. O director refere ainda que serão realizadas algumas alterações para uma melhor adequação do colégio aos tempos actuais. Sem querer concretizar, o sacerdote adiantou ainda que nos últimos tempos têm sido realizadas algumas obras com vista à criação de um “colégio de futuro”, sobretudo apostando nas novas tecnologias, com a criação de uma sala de informática, a aquisição de quadros interactivos, entre outros equipamentos. Um pouco de história Situado na nascente do outeiro mais alto da cidade de Faro, o Monte de Santo António do Alto, na Quinta do Alto, outrora propriedade de João Augusto Júdice Fialho, o edifício para albergar o Colégio de Nossa Senhora da Alto foi adquirido a 15 de Dezembro de 1954 pelo Bispo coadjutor, D. Francisco Rendeiro. A 9 de Janeiro de 1955, reabriu as aulas no Palácio da Quinta, devidamente preparado e adaptado para receber as alunas vindas do Colégio de Santa Catarina, a funcionar desde 1931 em Monchique, mas cujo espaço e decadência física do edifício já não reunia as indispensáveis condições para o seu funcionamento. A pouco e pouco o número de alunas foi aumentando e tornou-se o espaço pequeno para satisfazer a procura. Assim, para permitir a sua expansão, erguem um novo Pavilhão de aulas, com os requisitos exigidos pela lei. O arquitecto Gomes da Costa, recém-chegado do Brasil, influenciado pelo estilo dessas paragens, concebe uma obra moderna em contraste harmonioso com o edifício existente. Implanta-a na chamada “mata das cegonhas”, para que os alunos se sentissem em plena natureza. A 31 de Julho de 1961,o Cardeal Cerejeira benzia e colocava a pedra fundamental do pavilhão e do ginásio. Ficava reservado o Palácio para a residência do Internato e uma ou outra actividade.

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