Iraque: «Ultimato» obriga população cristã à conversão ao islão

Iraque Patriarca católico caldeu de Bagdade alerta para «catástrofe humana, civil e histórica»

Lisboa, 25 jul 2014 (Ecclesia) – O patriarca católico caldeu de Bagdade, D. Raphael Louis Sako I, afirmou que controlo de Mossul pelo jihadistas está a impor a “conversão” da população cristã e o Iraque poderá “enfrentar uma catástrofe humana, civil e histórica”.

“O controlo exercido pelos jihadistas islâmicos sobre a cidade de Mossul e a sua proclamação como um Estado Islâmico reflete-se agora negativamente sobre a população cristã desta cidade e dos seus arredores”, escreveu D. Louis Sako I.

Mossul é a segunda cidade mais importante do Iraque e verificou novo êxodo de cristãos depois do “ultimato” dos jihadistas do Estado Islâmico (IS) que impunha a conversão ao islamismo ou um “pagamento de um imposto especial de proteção”, o joziah, obrigatório para todos os não-muçulmanos que vivam na terra do Islão, “sem especificar o valor exato”, desenvolve.

Para o patriarca católico, o Iraque “terá de enfrentar uma catástrofe humana, civil e histórica” se esta realidade imposta pelos militantes do IS continuar.

“Imploramos, em particular aos nossos irmãos iraquianos pedindo-lhes que reconsiderem e reflitam sobre a estratégia que adotaram e exigindo que respeitem as pessoas inocentes e sem armas de todas as nacionalidades, religiões e fações”, pede D. Louis Sako I.

“É verdadeiramente injusto rejeitar agora os Cristãos e atirá-los para fora, considerando-os sem valor”, considera o patriarca católico caldeu de Bagdade, na mensagem divulgada pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre.

O patriarca caldeu de Bagdade explica que segundo a lei Islâmica, depois da partida “as suas casas já não lhes pertencem”, são “imediatamente confiscadas como propriedades do Estado Islâmico”.

Nas fachadas das casas dos cristãos tem sido escrito a letra 'N' em árabe, que significa Nazara (cristão), e na fachada das casas xiitas a letra 'R', que significa Rwafidh (protestantes ou aqueles que rejeitam).

“Esta categorização baseada na religião ou fação preocupa também os Muçulmanos e contraria a regulamentação do pensamento Islâmico no Corão: ‘Você tem a sua religião e eu tenho a minha religião’”, revela o prelado sobre a “breve resenha dos acontecimentos no seu país”.

Na mensagem é destacada a libertação de duas religiosas e três órfãos, depois de 17 dias em cativeiro, “como um sinal de esperança”.

A missiva urgente é endereçada para “todos os que têm consciência viva no Iraque e em todo o mundo”, para “os irmãos muçulmanos moderados que têm uma voz no Iraque e em todo o mundo” e para todos os que “têm a preocupação de que o Iraque poderia continuar a ser um país para todos”, esclarece D. Raphael Louis Sako I.

Por isso, o patriarca assinala o facto de “com todo o respeito à crença e aos dogmas” haver, desde o princípio do Islão, uma “convivência fraterna entre cristãos e muçulmanos”: “Partilharam as situações doces e amargas da vida, juntos, construíram uma civilização, cidades e uma herança.”

Aos cristãos é também pedido que atuem com “a razão e prudência” e que ponderem e planeiem tudo da “melhor forma possível”.

CB/PR

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