Iraque: Arcebispo de Mossul denuncia sofrimento cristão

Perseguição movida por radicais islâmicos está a obrigar comunidades a um êxodo em massa

Lisboa, 13 jun 2014 (Ecclesia) – Duas das cidades mais importantes do Iraque, Mossul e Tikrit, caíram nas mãos de rebeldes islâmicos, numa situação que a comunidade cristã já apelidou de caótica, envolvendo ataques da igrejas e mosteiros.

Em declarações prestadas à Fundação Ajuda a Igreja que Sofre (AIS), organismo ligado à Santa Sé, o arcebispo de Mossul dá conta da provação por que passam milhares de cristãos, muitos deles obrigados a fugir nos últimos anos, devido à perseguição de que têm sido alvo.

“Não é fácil, depois de tantos anos de sofrimento, mas continuamos firmes na nossa fé e temos que manter a esperança, mesmo em perseguição. É um grande desafio, especialmente depois do que aconteceu nestes últimos dias”, sublinha D. Amel Shimon Nona.

Os ataques sucessivos dos guerrilheiros do Estado Islâmico do Iraque e do Levante, mais conhecidos pela sigla ISIS, conseguiram quebrar a resistência da polícia e das forças armadas.

Neste momento, refere a AIS, “calculando-se que metade da população de Mossul está em fuga, o que poderá representar qualquer coisa como cerca de 500 mil pessoas”.

No que toca à comunidade cristã da cidade, em 2003 ela era constituída por cerca de 35 mil pessoas mas com a guerra esse número desceu para pouco mais de 3 mil.

“Agora, provavelmente não há mais ninguém”, admite o arcebispo Shimon Nona, que apesar das dificuldades continua a acreditar num desfecho positivo para o Iraque e pede aos cristãos para que “não percam a esperança”.

“Continuamos a rezar para que o nosso país possa finalmente encontrar a paz”, sustenta.

A Igreja Católica local tem tentado ajudar os cristãos em dificuldades, providenciando-lhes abrigo “em escolas, salas de aula e casas abandonadas”.

As pessoas estão “em pânico” pois temem uma repetição do que está a acontecer na vizinha Síria, onde “os cristãos têm vindo a ser particularmente ameaçados com imposição de impostos, proibição de exibição de quaisquer símbolos religiosos, de orações em público, e até de realizaram obras de beneficiação nos templos”.

“Aqueles que não se converterem ao islamismo ou não aceitarem as novas regras são considerados alvos legítimos pelos terroristas”, relata a AIS.

AIS/JCP

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Agência ECCLESIA

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