Ir em missão e descobrir uma família

Padre Nuno Rodrigues seguiu ainda como jovem seminarista para Cabo Verde

Lisboa, 28 jan 2014 (Ecclesia) – A caminhada vocacional do padre Nuno Rodrigues, da Congregação dos Missionários do Espírito Santo, confunde-se com a história da sua família, que sempre teve uma grande dimensão missionária.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o sacerdote realça que começou a ouvir falar do tema da missão ainda em “criança”, sobretudo através de “dois tios missionários espiritanos” que encontrou em Angola, para onde foi quando o pai cumpriu o serviço militar.

A entrada para o seminário aconteceu cedo, aos 10 anos, mas a verdadeira transformação de vida aconteceu oito anos mais tarde, quando o jovem conheceu um colega seminarista que tinha vindo de Cabo Verde para concluir a formação em Portugal.

O convívio com esse rapaz, 10 anos mais velho, vindo de uma realidade completamente diferente, reforçou ainda “mais” a vontade de Nuno Rodrigues em “partir”, em servir as pessoas, as comunidades mais distantes, mais carenciadas, como missionário.

Entusiasmado, seguiu para Cabo Verde, ainda como seminarista, e depois realizou lá a sua profissão de fé religiosa, na comunidade espiritana, e foi ordenado diácono.

Desde logo, o jovem Nuno “percebeu rapidamente que a sua família agora estava do lado de lá”, em Cabo Verde, “pelo acolhimento tão grande que lhe tinham feito”.

Durante os 14 anos que passou em Cabo Verde, na paróquia de São Miguel (Ilha de Santiago), o padre Nuno Rodrigues começou primeiro por dar aulas a crianças e adolescentes de uma escola secundária da região, experiência que o ajudou depois na concretização de um outro projeto, a criação do secretariado paroquial da juventude.

“Aqui na Europa as pessoas estão instaladas e têm todas as comunidades, ali as pessoas faziam quilómetros a pé e faziam-no com amor”, destaca.

Já como sacerdote, apostou muito na “formação” dos fiéis e novamente dos jovens, um campo pastoral incontornável “porque 55 por cento da população cabo-verdiana tem menos de 35 anos”.

As memórias daquele tempo foram preservadas na forma de um livro, intitulado ‘Os diálogos de um missionário’, onde o padre Nuno Rodrigues partilha histórias, experiências de vida, gestos simples de pessoas concretas que tocaram o seu coração.

Uma delas relata a história de um membro da comunidade espiritana que o acolheu em Cabo Verde, já com mais de 80 anos, que no dia da sua ordenação diaconal “trouxe aos ombros um cabrito como oferta” a Deus em favor do trabalho pastoral que o jovem Nuno seria chamado a realizar.

O ano passado marcou outra etapa na caminhada do padre Nuno Rodrigues, o regresso a Portugal para abraçar a animação missionária do país, sobretudo entre a região de Leiria e do Algarve.

Um desafio difícil, confessa o padre espiritano, porque implicou inserir-se numa realidade à qual já não estava habituado e que despertou muitas “resistências”.

São precisos “homens, missionários, sacerdotes, religiosos ou leigos, movidos pelo Espirito Santo, com convicções interiores, profundas”, que transformem “as pastorais de hoje e as maneiras de fazer nas comunidades, sobretudo à volta da celebração”, conclui.

Até sexta-feira, o programa ECCLESIA na Antena 1 (22h45) apresenta histórias de vida de religiosos e religiosas para assinalar a Semana do Consagrado 2014, que a Igreja Católica em Portugal está a celebrar.

SN/JCP

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