Metade dos católicos dizem participar na missa dominical pelo menos uma vez por mês, um terço vai menos de duas vezes por ano
Fátima, Santarém, 18 abr 2012 (Ecclesia) – Os católicos portugueses definem a sua pertença à Igreja para lá da prática religiosa, em particular a missa dominical, revela hoje um estudo da Universidade Católica, encomendado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
“Tendo em conta o universo dos católicos, a pergunta relativa à frequência com que se vai à missa permitiu construir um retrato social dos comportamentos para além da categoria ‘praticante’, como autoclassificação”, revela o documento, enviado à Agência ECCLESIA.
Segundo os números adiantados pela Universidade Católica Portuguesa (UCP), quase metade (49,1%) dos que se assumiram como católicos (80% das respostas) dizem participar na missa pelo menos uma vez por mês, o que corresponde a 38,4% em relação ao total da população inquirida.
34,6% dos católicos revelaram participar na missa todos os domingos e dias santos, apresentados neste inquérito em duas categorias: ‘católico observante’ (participação na missa todos os domingos e dias santos; mais de uma vez por semana), com 23,6%, e ‘militante’ (prática observante com pertença a um movimento ou atividade na paróquia), com 11% do total.
O questionário, com cerca de 4000 respostas, “permitiu detetar uma diversidade que não se deixa descrever pela simples disjunção praticante/não-praticante”, adianta a UCP.
Nesse sentido, além das categorias de observante e militante, são consideradas a de ‘católico nominal’ (nunca participa na missa – 10,3%), ‘praticante ocasional’ (raramente ou menos de uma vez por ano; 1-2 vezes por ano – 25,2%), ‘praticante irregular’ (3-6 vezes por ano; 7-11 vezes por ano – 15,4%) e ‘praticante regular’ (1-2 vezes por mês – 14,5%).
O grupo mais numeroso é constituído pelos praticantes ocasionais e cerca de um terço dos católicos não vai à missa dominical mais do que duas vezes por ano.
De acordo com o estudo, “é na geografia católica que as percentagens dos que se autoclassificam como praticantes [56,1%] e não-praticantes mais se aproximam”.
Na análise por regiões, verifica-se “grande homogeneidade no Norte e no Centro”, enquanto Lisboa e Vale do Tejo se distingue por um aumento da proporção dos católicos nominais e ocasionais, maior, em termos relativos, do que no Alentejo.
Esta tendência acentua-se no Algarve, região onde se encontra a menor proporção do conjunto formado pelos regulares, observantes e militantes (26% dos inquiridos na região).
Quanto à assistência a atos de culto transmitidos pela televisão, 18,8% diz assistir uma vez por semana, mas 55,4% responde ‘nunca ou quase nunca’, número que sobe para 79,8% no caso da rádio.
O estudo analisa as razões pelas quais alguém, declarando-se pertencente a uma religião, é não praticante: a resposta mais sublinhada (em 35,4% dos casos) é a ‘falta de tempo’, imediatamente seguida por quem entende que “pode ter a sua fé sem prática religiosa” (33,3%).
Em 2011 a CEP optou por não realizar um recenseamento da prática dominical a nível nacional e encomendar à UCP uma sondagem sobre o modo como os cidadãos se posicionam perante a Igreja e as expectativas que têm a seu respeito.
O estudo ‘Identidades Religiosas em Portugal’ foi realizado pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião e o Centro de Estudos de Religiões e Culturas entre outubro e novembro de 2011, em Portugal continental.
OC