Inauguração da Casa Museu Mons. Alves Brás

Na celebração Jubilar dos 75 anos do Instituto Secular das Cooperadoras da Família (ISCF) foi inaugurada, dia 20 deste mês, em Casegas (diocese da Guarda), a Casa Museu Mons. Alves Brás. Em declarações à Agência ECCLESIA Dulce Teixeira, responsável pelo ISCF, sublinhou que “não foi possível conservar a traça inicial da casa, mas ficou o quarto de Mons. Alves Brás”. A janela do quarto também ficou intacta. Dessa janela, Mons. Joaquim Alves Brás chegou “a dar lições de catequese para as crianças que estavam na rua” A Casa Museu tem objectos da família e “elementos vocacionais”. Os visitantes poderão também observar objectos pessoais do fundador do ISCF: “A batina, facha, alva bordada pela mãe, a cama, cálice, patena e um sacrário”. Para tornar mais conhecida a vida de Mons. Alves Brás, a casa mostra também “alguns elementos multimédia” – disse Dulce Teixeira. E acrescenta: “onde conta a história deste homem”. Bento XVI aprovou a 15 de Março a publicação do decreto que reconhece as «virtudes heróicas» de Mons. Joaquim Alves Brás, que há 75 anos fundou o Instituto Secular das Cooperadoras da Família. A responsável do ISCF sublinha que têm “chegado notícias de muitas graças à postulação”. Pode acontecer que “ em algumas dessas graças esteja o milagre que falta”. O postulador da causa de canonização de Mons. Alves Brás é Mons. Arnaldo Cardoso e a vice-postuladora é uma cooperadora, Maria de Fátima Castanheira Baptista. Com a casa museu pretendemos “projectar o carisma e a missão do Instituto”. As celebrações jubilares encerram no Dia da Sagrada Família, em Dezembro próximo. O “ideal era recebermos neste ano jubilar o anúncio da beatificação, mas será quase impossível” – afirma. O estudo das graças “demoram o seu tempo”. Sacerdote português a caminho dos altares Joaquim Alves Brás nasceu em Casegas, a 20 de Março de 1899. Foi ordenado padre em 19 de Março de 1925, na Diocese da Guarda. Apóstolo da Juventude trabalhadora e particularmente sensível aos mais pobres e marginalizados, fundou a Obra de Santa Zita em 1932 e o Jornal «Voz das Criadas», hoje «Bem-Fazer». Fundou o Instituto Secular das Cooperadoras da Família em 1933 e em 1962 o Movimento por um Lar Cristão e o Jornal da Família. Em 1958 recebe do Papa Pio XII o título de Monsenhor e em 1962 do Papa João XXIII, o de Prelado Doméstico. Morreu a 13 de Março de 1966, vítima de um acidente rodoviário, em Lisboa. O Processo de Beatificação teve início em 1990. Dulce Teixeira de Sousa, responsável pelo ISCF, revela à Agência ECCLESIA a sua satisfação por esta decisão de Bento XVI, referindo que era algo de que estava à espera há algum tempo. “Há muito tempo que o processo estava em Roma e, para além disso, estamos a celebrar os 75 anos do Instituto e convidámos o Cardeal Saraiva Martins para presidir à peregrinação, reforçando o pedido” de que fosse dado este passo nas Bodas de Diamante. Esta responsável destaca que são muitas as pessoas que comunicam “graças” atribuídas ao novo “venerável” ou a deixar pedidos no jazigo, no Cemitério dos Prazeres. Estas graças “têm aumentado progressivamente”, seja por causas físicas ou morais, “sobretudo no campo da família”. O reconhecimento da heroicidade das virtudes cristãs surge hoje, após o exame detalhado dos relatos das testemunhas no processo de beatificação. A Santa Sé dá assim um parecer positivo ao trabalho desenvolvido sobre a vida, virtudes e fama de santidade de Mons. Alves Brás, que é assim proclamado “venerável”. A segunda etapa do processo consiste no exame de eventuais milagres atribuídos à intercessão do “venerável”. Se um deste milagres for considerado autêntico, o “venerável” é considerado “beato”. Quando após a beatificação se verifica um outro milagre devidamente reconhecido, então o beato é proclamado “santo”. Traços Biográficos Monsenhor Joaquim Alves Brás nasceu a 20 de Março de 1899, na aldeia de Casegas, concelho da Covilhã, junto da serra da Estrela. Cresceu num ambiente familiar onde se respirava o amor a Deus e ao próximo, e onde se vivia uma vida de sã convivência, fidelidade e partilha de trabalho, de responsabilidades e deveres, que muito influenciaram a sua educação marcada, desde o início, pela pedagogia do exemplo, do ensinamento e da mais salutar exigência, a toda a prova. Tal educação, imprimiu-lhe, desde muito cedo, traços de um carácter firme e decidido, profundamente crente, dinâmico, empreendedor, sacrificado, corajoso e com um grande sentido de justiça, de verdade e de caridade, que influenciaram toda a sua vida e acção. Em 19 de Novembro de 1917, depois de superadas muitas dificuldades, que lhe advieram sobretudo de uma doença crónica, que o acometeu e reteve no leito dos 11 aos 14 anos, deu entrada no Seminário do Fundão, da Diocese da Guarda, a fim de realizar o grande sonho da sua vida – ser Padre, ao menos por um ano. A 19 de Julho de 1925, um ano antes do tempo previsto, recebeu a ordenação sacerdotal, na capela do Paço Episcopal da Guarda tendo, com a maior alegria, celebrado a sua primeira Missa, logo no dia seguinte – 20 de Julho. A partir desse dia, pode-se dizer que se abriu um novo capítulo na sua vida, capítulo esse que foi escrito a letras de oiro e de fogo, que nunca mais se apagaram nem apagarão, porque escritas nos corações de todos os que, de alguma forma, já beneficiaram da sua acção de Bem-fazer. Tendo sido logo nomeado Pároco da aldeia de Donas, concelho do Fundão, exerceu esse cargo, juntamente com o de confessor do Seminário do Fundão, com a maior diligência e sabedoria espiritual, durante cinco anos, até que a doença o voltou a visitar, fazendo-o mudar de rumo. Deste modo, em Setembro de 1930, é nomeado Director Espiritual do Seminário Maior da Guarda. Sacerdote zeloso e profundamente sensível aos problemas da sociedade do seu tempo, nomeadamente a problemática da família, depressa se apercebeu, nos contactos que fazia, das grandes carências e situações de miséria que atingiam os mais pobres dos pobres: os famintos de pão material, cultural e espiritual. Sempre atento à voz do Espírito Santo que o marcou com os seus dons e particular carisma, sentiu-se enviado a uma missão, muito concreta, mas de longo alcance. Ao serviço da Família Assim, metendo mãos ao trabalho, com o olhar e o coração sempre fixos em Deus, fundou: – Em 1931, a Obra de Santa Zita, uma associação que visava promover, formar e amparar jovens do sexo feminino que se dedicavam ao serviço da família, como auxiliares ou empregadas domésticas, naquele tempo designadas por criadas de servir, e que é hoje, uma Instituição Particular de Solidariedade Social, de largo alcance neste e noutros campos de formação, previdência e assistência, em prol do apoio aos mais carenciados, na linha da família. Em 1933, o Instituto Secular das Cooperadoras da Família – um Instituto de vida consagrada, cujo carisma e missão é o cuidado da santificação da família, através dos necessários apoios, entre os quais os prestados pelas obras mencionadas de que o Instituto é o garante, aos mais diversos níveis. Em 1960, os Centros de Cooperação Familiar e, em 1962, o Movimento por um Lar Cristão, que concorrem, de modos diferentes, para o mesmo fim: cooperar com a família, enquanto célula fundamental da Igreja e da sociedade, na realização da sua sublime vocação e missão. No mês em que fazia 67 anos, cheio de vigor e em plena actividade, morre, vítima de um acidente de viação. Era o dia 13 de Março de 1966.

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