«Imaculada» na Catedral de Madrid

É este o título da grande exposição de arte sacra, instalada na catedral de “La Almudena” de Madrid (2 naves laterais, cruzeiro, capela do SS. Sacramento e charola) e aberta ao público de Maio a Outubro de 2005. Esta catedral, iniciada em fins do século XIX, só foi concluída um século depois, sendo solenemente inaugurada por João Paulo II, em 15 de Junho de 1993. É mais uma execução da Fundação “Las Edades del Hombre”, sedeada em Castilla/León, mas desta vez a pedido da Con- ferência Episcopal Espanhola e do Arcebispado de Madrid, conferindo-lhe assim, um cariz nacional. A exposição IMACULADA comemora os 150 anos da “Declaração solene do dogma da Imaculada Conceição”, feita pelo papa Pio IX, em 1854, através da Bula “Ineffabilis Deus” (Deus Inefável). A Espanha quis celebrar o ano de 2005 como o ano da Imaculada. Esta grande exposição de arte sacra “IMACULADA” tem um carácter eminentemente espanhol, pois reúne “peças” vindas de 40 dioceses espanholas e de 17 instituições e museus de toda a Espanha. O seu objectivo principal é narrar, através do desenvolvimento das formas e dos estilos artísticos, como foi a evolução e o amadurecimento da fé cristã no dogma da Conceição Imaculada da Virgem Maria, através dos tempos. A exposição IMACULADA divide-se em quatro capítulos com um Prólogo e um Epílogo. No Prólogo mostram-se “peças” relacionadas com o acontecimento histórico – Proclamação solene do Dogma. Capítulos: “Para a glória da Mãe de Deus”; “Balbuceios”; “Em busca da sua identidade”; “Do esplendor à definição dogmática”. O Epílogo apresenta uma pintura, encomendada pela Conferência Episcopal Espanhola, à monja cisterciense, Isabel Guerra, para comemorar este 150.º ani- versário. A imaculada é representada por uma jovem do nosso tempo, de olhos azuis, túnica branca e manto azul mesclado de roxos e amarelos. A artista pretendeu que os cristãos de hoje consigam captar o “mistério” da Imaculada. A história do dogma da Imaculada tem um longo percurso desde a crença de que a Virgem foi concebida na “mente de Deus”, no princípio dos tempos, até 1477, quando o papa Sixto IV proclamou a “Doutrina da Imaculada Conceição” e um século depois, o concílio de Trento consagrou o triunfo da Imaculada Conceição, até que, três séculos passados, o dogma é proclamado solenemente. As “peças” expostas são muito variadas: livros, códices, pergaminhos, pinturas (em madeira e tela), esculturas (madeira policromada e estofada, mármore, alabastro, marfim), ourivesaria (cálices, custódias, etc.), paramentaria e tecidos, etc. O número das obras expostas é quase incalculável, mas é no quarto capítulo: “Do esplendor à definição dogmática”, subdividido em: “Fé dos reis e nobres”, “Fé do povo: procissões, congregações, confrarias, juramentos de profissões, quadras populares…”, “O esplendor artístico” (nave lateral – evangelho, charola e cruzeiro), que o seu número é maior. É neste capítulo que se narra a relação especial que os reis e o povo espanhol tiveram com a Virgem Imaculada. São de salientar dois documentos: Testamento de Maria de Aragão e um documento de Isabel, a Católica. Filipe IV foi o rei que mais se empenhou na defesa da Imaculada Conceição. Ele aparece numa pintura perante um prelado, jurando sobre os Evangelhos defender o mistério da Imaculada Conceição. O rei é acompanhado pelos cavaleiros de diversas ordens militares e pelos clérigos. O “esplendor artístico” (com 54 obras expostas) corresponde ao triunfo do barroco, com referência às três grandes escolas espanholas: Castela, Andaluzia e Madrid. São maravilhosas as pinturas em madeira e tela, que atingem o seu apogeu com El Greco, Zurbaran e Murillo (Imaculada do Escurial). A crença do povo e dos reis na Conceição Imaculada de Maria e transmitida pelos artistas dos vários tempos, nas suas maravilhosas obras, fizeram com que o dogma fosse solenemente proclamado. Tanto Espanha como Portugal são apelidados de “Terras de Santa Maria”, porque desde os tempos mais recuados os seus povos acreditaram que a Virgem Maria foi Imaculada na sua Conceição. Esta exposição fica bem no Ano da Eucaristia, porque Maria guia os fiéis à Eucaristia. Fernando Marques, “A Defesa”

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