II Concílio do Vaticano: Os esquemas em estaleiro para a terceira sessão

Para a terceira sessão do II Concílio do Vaticano que teve o seu início em setembro de 1964 estavam no programa treze esquemas que ainda não tinham sido promulgados.

Para a terceira sessão do II Concílio do Vaticano que teve o seu início em setembro de 1964 estavam no programa treze esquemas que ainda não tinham sido promulgados. Segundo Henri Fesquet, no II volume da obra «O Diário do Concílio», seis desses esquemas seriam discutidos e sete, simplesmente, apresentados – “sem discussão em princípio, mas os padres podem decidir de outro modo – e talvez possam exigir emendas”.

A influência em profundidade sobre o curso dos eventos ecuménicos do encontro em Jerusalém do então patriarca do Ocidente (Paulo VI) e do patriarca do Oriente (Atenágoras) produziu os seus frutos. “Foi uma verdadeira fortuna que a segunda sessão não tenha tido tempo de votar definitivamente a primeira esquema sobre o ecumenismo”, escreveu Henri Fesquet (HF) na obra citada anteriormente.

Porém, o esquema «vedeta» (termo utilizado por HF) da terceira sessão, aquele que “concitará mais curiosidade, porque o mais original e o mais conforme ao espírito da «Pacem in Terris», será o da «Igreja no mundo de hoje»”. Este texto, que o padre Yves Congar chamou de «a Terra prometida» do concílio, foi objecto de uma dezena de refundições e, na expectativa de últimos retoques, não foi, completamente, distribuído aos padres conciliares antes do início da terceira sessão.

A matéria a debater era particularmente árdua: “A criação vista numa perspectiva evolutiva; a cultura; os direitos da pessoa humana; os países subdesenvolvidos; a família e a procriação; a teologia da guerra e da paz e as relações internacionais”, refere a obra citada com a chancela das «Publicações Europa-América».

Perante as novidades conciliares, o Papa Paulo VI preveniu “claramente”, os bispos que contrariavam o concílio que o Papa João XXIII convocou. Dirigindo-se, a 14 de abril de 1964, ao episcopado italiano, que se reunia pela primeira vez na história, o Papa Paulo VI sublinha: “Nós contamos com a vossa participação atenta, entusiástica, activa (no concílio). A vossa participação não quer ser certamente tímida, incerta, questionadora ou polémica, mas franca, nobre qualificada e proveitosa”.

Para quem conhecia as reticências de uma “larga parte do episcopado italiano frente ao concílio”, estas palavras tiveram grande alcance. Para Henri Fesquet, o conhecimento adquirido pelos padres conciliares iria ser útil nas discussões sobre os documentos e três acontecimentos de grande alcance iriam marcar a sessão que teve início em setembro de 1964.

O Papa Paulo VI decidiu que a cerimónia da abertura da terceira sessão comportasse uma concelebração litúrgica: rodeado de três cardeais (Tisserant, Lercaro e Larraona) e de vinte e um bispos. A celebração seria no altar da confissão. Este acto simbólico, fruto da Constituição sobre a Sagrada Liturgia promulgado no ano anterior, “fará sobressair com brilho que a colegialidade episcopal começa a entrar nos costumes.

Depois do intervalo, os padres conciliares estavam preparados para dar início aos trabalhos da III sessão.

LFS

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