II Concílio do Vaticano: João XXIII sacudiu a poeira do trono de São Pedro

A ideia do concílio não amadureceu nele como “o fruto de uma demorada meditação, mas como a flor espontânea de uma inesperada Primavera”, referiu um dia. Numa conversa com um embaixador, o Papa João XXIII disse-lhe o que esperava desta assembleia magna que teve o seu início em outubro de 1962: “Espero que traga um pouco de ar puro… Há que sacudir a poeira que, desde Constantino, se vem acumulando no trono de São Pedro”.

Já se completaram 50 anos da morte do Papa que convocou o II Concílio do Vaticano, João XXIII. É oportuno recordar alguns pensamentos/frases dos últimos dias de vida terrena do Papa Roncalli. A 31 de maio de 1963 (3 dias antes de falecer), João XXIII confessa que nas suas vigílias noturnas tem “sempre” diante dele “Jesus crucificado, com os braços estendidos para abarcar o mundo inteiro” e acrescenta: “Estou pronto a ir onde o Senhor me chamar. Desejo desaparecer e encontrar-me em Cristo” (Cf. Fesquet, Henri – Fioretti do Bom Papa João. Lisboa: Livraria Morais Editora, 1964).

No primeiro dia de junho do mesmo ano, João XXIII solicita que lhe recitem o Magnificat. Aos mais próximos, o Papa diz-lhes: “Então, coragem! Não é momento de chorar, é um momento de alegria e glória”. Depois, de recitado o Magnificat, o Papa que convocou o II Concílio do Vaticano pede ao cardeal Gustavo Testa que “fique um pouco mais” e ao professor Gasparrini roga para que não fique inquieto porque “as malas estão sempre feitas. Quando soar o momento da partida”, não perderá tempo.

Estas palavras significativas e vivenciais de João XXIII mostram que sentia os últimos momentos da sua vida terrena. No dia de Pentecostes de 1963 (02 de junho), o Papa Roncalli dá a última bênção ao mundo e, às 19h45 do dia seguinte, depois de dizer «Mater mea, fiducia mea» (Minha mãe, minha confiança) João XXIII fechou os olhos. (Cf. Fesquet, Henri – Fioretti do Bom Papa João. Lisboa: Livraria Morais Editora, 1964, Pág 164).

Nascido no dia 25 de novembro de 1881 em Sotto il Monte, diocese e província de Bérgamo (Itália), e nesse mesmo dia foi batizado com o nome de Angelo Giuseppe; foi o quarto de treze irmãos, nascidos numa família de camponeses e de tipo patriarcal. Ao seu tio Xavier, ele mesmo atribuirá a sua primeira e fundamental formação religiosa. O clima religioso da família e a fervorosa vida paroquial foram a primeira escola de vida cristã, que marcou a sua fisionomia espiritual.

Depois da morte de Pio XII, foi eleito Papa a 28 de outubro de 1958 e assumiu o nome de João XXIII. O seu pontificado, que durou menos de cinco anos, apresentou-o ao mundo como uma autêntica imagem de bom Pastor. Manso e atento, empreendedor e corajoso, simples e cordial, praticou cristãmente as obras de misericórdia corporais e espirituais, visitando os encarcerados e os doentes, recebendo homens de todas as nações e crenças e cultivando um extraordinário sentimento de paternidade para com todos. O seu magistério foi muito apreciado, sobretudo com as Encíclicas «Pacem in terris» e «Mater et magistra».

Convocou o Sínodo romano, instituiu uma Comissão para a revisão do Código de Direito Canónico e convocou o Concílio Ecuménico Vaticano II.

A ideia do concílio não amadureceu nele como “o fruto de uma demorada meditação, mas como a flor espontânea de uma inesperada Primavera”, referiu um dia. Numa conversa com um embaixador, o Papa João XXIII disse-lhe o que esperava desta assembleia magna que teve o seu início em outubro de 1962: “Espero que traga um pouco de ar puro… Há que sacudir a poeira que, desde Constantino, se vem acumulando no trono de São Pedro”.

LFS

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