II Concílio do Vaticano: De «Fontainebleau» aos «Lugares Santos»

Na reunião de encerramento da segunda sessão do II Concílio do Vaticano (04/12/1963), o Papa Paulo VI anuncia que iria, em Janeiro, à Terra Santa. Será a primeira vez, desde o cativeiro de Pio VII, em «Fontainebleau» (França), no reinado de Napoleão, que um Papa irá ao estrangeiro.

Na reunião de encerramento da segunda sessão do II Concílio do Vaticano (04/12/1963), o Papa Paulo VI anuncia que iria, em Janeiro, à Terra Santa. Será a primeira vez, desde o cativeiro de Pio VII, em «Fontainebleau» (França), no reinado de Napoleão, que um Papa irá ao estrangeiro.

Os últimos Papas que ultrapassaram as fronteiras de Itália são Pio VI (1775-1799) e o seu sucessor, Pio VII, (1800-1823). Convém referir que “o fizeram constrangidos por considerações diplomáticas ou até, como se sabe, contra vontade” (In: Henri Fesquet; «O Diário do Concílio» Volume I; Lisboa; Publicações Europa-América; pág. 353).

O Papa Pio VI foi a Viena (Áustria) em 1782, junto de José II, “cuja política o inquietava”. Em relação ao seu sucessor, Pio VII, foi «conduzido», em 1812, como «refém» a Fontainebleau. O Papa só alcançou a sua liberdade em 1814.

Cerca de um século e meio depois, um Papa anuncia que irá realizar uma viagem além-fronteiras. Paulo VI declarou que iria aos lugares santos e julgou-se, na altura, no Vaticano, que a viagem não iria durar mais de um dia. Afinal, Paulo VI esteve na «Terra Santa» de 04 a 06 de Janeiro de 1964. Convém recordar que os lugares santos estavam repartidos entre Israel e a Jordânia, e, na altura, o Vaticano e Israel não tinham relações diplomáticas.

A viagem é um regresso às fontes. Não podia ser interpretada de outro modo senão como a vontade de Paulo VI de reintegrar a Igreja Católica no estilo evangélico que se “esfumou pouco a pouco a partir da época de Constantino” (In: Henri Fesquet; «O Diário do Concílio» Volume I; Lisboa; Publicações Europa-América; pág. 353). Além disso, é um acto ecuménico da mais alta importância, a que os orientais foram extremamente sensíveis. Paulo VI deslocou-se à Terra Santa e encontrou-se com Atenágoras, Patriarca Ecuménico de Constantinopla.

No seu discurso quando anunciou a viagem, Paulo VI disse: “Veremos o solo bendito donde partiu Pedro e aonde não voltou qualquer dos seus sucessores. Nós, humilde e brevemente, voltaremos ali em sinal de oração, penitência e renovação, para oferecer a Cristo a Sua Igreja, para chamar a Ela, que é única e santa, os irmãos separados, para implorar a misericórdia divina em favor da paz entre os homens, essa paz que nestes dias mostra uma vez mais como é frágil e trémula, para suplicar a Cristo Senhor pela salvação da humanidade inteira”. As palavras do Papa foram saudadas pelas aclamações dos padres conciliares e de toda a assistência.

Na mensagem de Natal de 1963, o sucessor do Papa que convocou o II Concílio do Vaticano escreveu um autêntico tratado sobre as grandes necessidades do mundo actual. A primeira – apontou Paulo VI – é «A solução da fome no mundo», a segunda é «A promoção das novas nações» e a terceira passa pelo «Garantir a paz internacional». «A verdadeira união dos Espíritos» é a quarta necessidade. Como conclusão da sua mensagem natalícia, o Papa Montini revela o «Sentido da Viagem à Terra Santa». No documento, o sucessor de Pedro escreveu: “A nossa peregrinação pretende ter aspecto e finalidade exclusivamente religiosos”.

LFS

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